Por Ananda Moreira
O conceito de ESG tem ganhado cada vez mais espaço no mundo corporativo nos últimos anos. ESG, que se refere aos três pilares essenciais que devem guiar as práticas empresariais – o meio ambiente (Enviromental), as causas sociais e responsabilidade (Social) e a governança da empresa (Governance) – está se tornando fundamental para empresas que desejam se destacar. Confira as vantagens de integrar esses valores na cultura e nas práticas da empresa, como aplicar e exemplos de empresa que adotam a abordagem ESG nas empresas.
O aumento da preocupação com as questões sociais e ambientais na atualidade tem gerado grandes impactos no funcionamento das empresas e mostra a influência da sociedade na forma que as organizações funcionam, sendo importante acompanhar as mudanças que acontecem.
Nesse sentido, a mudança ocorre em diferentes vertentes, seja nos profissionais que estão se inserindo ou já estão inseridos no mercado, nos consumidores e clientes, nas lideranças e mais.
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey, por exemplo, a maior parte dos consumidores espera que as empresas sejam mais responsáveis ambiental e socialmente, estando dispostos a pagar a mais por isso.
Nesse sentido, já se percebe uma valorização das causas e a importância crescente dada a ela. Por isso, a importância de inserir essas práticas e valores na realidade da empresa.
Para isso, descrevemos aqui o que é ESG, como aplicar na empresa e um exemplo brasileiro para se inspirar. Além disso, o artigo é baseado também no Progicast #75, em que entrevistamos Viviane Moreira, especialista em ESG, atuando há 12 anos na área e que nos deu excelentes insights sobre o assunto.
Confira a entrevista na íntegra para mais informações.
O que é ESG?
Como mencionamos acima, a sigla ESG é composta por três pilares, o ambiental, o social e a governança, que orientam determinadas práticas mais sustentáveis em cada um desses âmbitos. Por ser um movimento empresarial, é importante entender o que representa cada aspecto e como isso se aplica na empresa.
Enviromental
Começando pelo fator ambiental, uma empresa ESG passa a adotar práticas sustentáveis que reduzam o impacto ambiental e criem possibilidade de proteção do meio ambiente. Além disso, também deve-se buscar gerir os resíduos produzidos pela empresa de forma consciente, contratar fornecedores que sigam princípios similares e promover ações na empresa.
Alguns exemplos dessas ações seriam palestras sobre sustentabilidade na empresa, para manter os colaboradores informados, fazer a gestão do lixo produzido pelas pessoas ne empresa, economia de água e de energia, tanto na produção quanto no dia a dia da empresa etc.
Social
Já no pilar social busca-se principalmente a promoção da igualdade, diversidade e inclusão e a proteção dos direitos humanos. Nesse sentido, a empresa atua para contribuir nas lutas de minorias, na desigualdade social e nas demais causas sociais que acabam sendo os principais problemas na atualidade.
Nessa ideia, oferece-se oportunidades iguais ou equivalentes, tanto de emprego quanto de ascensão na carreira, sem distinção de raça, gênero, classe, sexualidade ou qualquer outro marcador minoritário.
Governance
Por fim, o aspecto da governança refere-se à governança corporativa, que deve sempre buscar práticas transparentes, éticas e responsáveis de gerir os recursos e resultados da empresa. Por causa de sua importância na empresa, também acaba sendo um dos pilares mais relevantes a se observar nas práticas ESG, já que será a governança que botará em práticas os outros aspectos (ou não).
Como cita a Viviane:
“A gente começa pela letra “G”, porque a gente não tem um ambiental seguro, um social seguro, se a gente não tiver uma governança forte, que esteja alinhada com os nossos valores, tanto com os nossos propósitos quanto os da empresa e da cultura organizacional.”
Então, após entender cada pilar, vamos entender a importância do ESG para as empresas e como aplicar na organização com estratégias e falas da especialista Viviane.
A importância do ESG nas empresas
Atualmente, na hora de comprar produtos ou serviços e investir em empresas, os investidores e consumidores passaram a analisar outros fatores para além de preço, qualidade e lucro, tais como a adoção de práticas sustentáveis, a responsabilidade social da empresa e o nível de transparência, por exemplo.
“A Bloomberg estima que a agenda ESG deva atrair US$53 trilhões em investimentos em 2025. Desde 2014, houve um aumento de 68% em investimentos para empresas que praticam ESG. Conforme a pesquisa EY Future Consumer Index 2021, 61% dos consumidores brasileiros passaram a observar os valores praticados pelas empresas das quais pretendem comprar.” Dados retirados do site do Sebrae.
Nesse sentido, além do ESG ser uma tendência, implementar práticas da sigla tem se tornado um pré-requisito para competir e sobreviver no mercado. Inclusive, demonstrou-se que empresas com boas práticas ESG tiveram um desempenho financeiro melhor do que empresas que tiveram uma baixa pontuação de ESG.
Ainda pensando nos ganhos financeiros, um estudo da consultoria McKinsey & Company demonstrou que a adoção de práticas ESG pode impactar significativamente na eficiência operacional das empresas, o que reduz custos e aumenta a produtividade.
Além disso, também acaba atraindo e retendo talentos, já que atualmente os profissionais também têm interesse em trabalhar em empresas com propósitos maiores e envolvidos com causas sociais e ambientais.
Isso acaba tendo um impacto positivo na sociedade também, criando não só um bom employer branding, como também uma boa visão da marca no geral.
Como aplicar estratégias de ESG nas empresas
Antes de começar, é importante lembrar que:
“O primeiro ponto que a gente tem que fazer quando se toma decisão de falar sobre ESG é agir. E agir é o que? É pensar que todas as informações que a gente vai fazer, a gente tem que ter um começo. Então, a gente não pode querer pegar teses prontas de mercado, de livros, a gente pode se inspirar nelas a nossa corporação, mas a gente precisa entender o que faz sentido do tema para as nossas empresas.”
Isto é, não dá para esperar soluções e fórmulas prontas, cada empresa vivencia uma realidade com desafios e possibilidades diferentes. Por isso, é sempre importante contratar profissionais qualificados para auxiliar em cada etapa do processo ou qualificar seus colaboradores para isso.
Para implementar as estratégias de ESG, deve-se:
Identificar os principais impactos ambientais, sociais e de governança da empresa
Isso envolve a avaliação e a análise de todos os processos da empresa, nos três âmbitos referentes e os respectivos impactos.
Como está a gestão de resíduos? Quais são as etapas de produção do produto? Quantas mulheres ou Pessoas com Deficiência (PCD) – por exemplo – tenho contratadas na empresa? Quais são as diretrizes para lidar com assédio, preconceito e violência dentro da empresa? Quão transparente é a comunicação dos dados da empresa?
Um profissional especializado poderá analisar de forma adequada cada aspecto e propor melhorias em cada um da forma que é possível na empresa. E um fator essencial nesse primeiro passo é inserir os colaboradores nesse processo, perguntando a eles sobre cada tópico, os trazendo para dentro da implementação do ESG.
“Antes de começar o rio fora ou ouça o dentro. A solução ela tá dentro de casa, nossos colaboradores mais do que ninguém sabem onde estão os gaps dos nossos processos que vão impactar essas três letrinhas. Então, começa a ver os seus colaboradores e ouvindo seus clientes.”
Definir metas e objetivos
A partir de uma visão clara da realidade atual da empresa, é possível definir quais são os objetivos por trás da implementação das práticas de ESG. É interessante escolher metas mensuráveis e com prazo, para verificar constantemente quão perto está da conclusão do objetivo e ter recurso de análise para saber se estão no caminho certo.
No caso da Natura &Co, que vamos citar no último tópico do artigo, a empresa definiu como uma das metas reduzir sua emissão de gases de efeito estufa em 33% até 2030, por exemplo. Dentro dessa meta, é possível definir outros caminhos e estratégias para alcançá-la.
Começar pela Governança
Viviane deixou muito claro no Progicast #75 que o que mais vai impactar no sucesso das práticas ESG ou não será o envolvimento e o comprometimento da governança corporativa com o objetivo.
“A gente não tem um ambiental seguro, um social seguro, se a gente não tiver uma governança forte, que esteja alinhada com os nossos valores. […] É o G que vai inserir as ações do social e do ambiental na cultura da empresa, por isso não se deve deixar de começar pelo G, porque ficam ações vazias ou pontuais.”
Além disso, Viviane cita um exemplo do que acontece se não se dá prioridade a Governança:
“Eu tenho alguns exemplos que eu gosto muito de trazer quando a gente não tem o ‘G’ (governança) e começa pelo ‘E’ (ambiente) ou pelo ‘S’ (social). Então, por exemplo, uma empresa que fala ‘ah, eu implantei o ESG! Ótimo, porque eu tenho lixeirinhas coloridas para recolher o lixo. Mas eu não ensinei equipe da faxina de como recolher ou como que faz a separação’. Então, você não tem um ESG, você tem o Green Ocean.”
Ações de governança envolvem tornar a comunicação cada vez mais transparente e eficaz, práticas de remuneração justa, desenvolver políticas e projetos dentro da empresa considerando a responsabilidade social e a possibilidade de ação da organização e por aí vai.
Integrar práticas em todos os processos de ESG nas empresas
Com o fortalecimento da governança, é possível passar para os outros aspectos, lembrando-se sempre de envolver os colaboradores, tanto pedindo informações que possam contribuir quanto os conscientizando sobre as práticas sustentáveis e sociais e ensinando-os a adotá-las.
Para o sucesso da implementação da estratégia ESG, é importante levar em conta o conhecimento de especialistas em cada área. Isso quer dizer o envolvimento de profissionais com expertise em cada um dos pilares. Como comenta Viviane:
“E aí o que que dá para gente tirar de lição aprendida das grandes que a gente pode encontrar com as pequenas: eles ouvem diferentes especialistas. Esse é um erro muito comum, eu tenho o ESG da minha empresa, então coloca o de baixo do cara do ambiental para cuidar do S e do G. Não, o cara do ambiental, ele vai cuidar do E, ele se formou para isso, ele tem expertise para isso. O cara do S, é um cara que vai cuidar do Social, é o cara que era pra cuidar de diversidade e inclusão. É um cara que pode até estar de repente no RH, mas é o cara que vai conseguir ver projetos sociais como um todo que englobam a sociedade dentro e fora da empresa.”
Monitorar e avaliar o desempenho de ESG:
Por fim, é sempre importante avaliar o andamento e os resultados obtidos a fim de analisar o sucesso das estratégias ou não, por isso a importância de definir objetivos claros e mensuráveis. Dessa forma, é possível identificar oportunidades de melhorias contínuas.
Outro fator importante é traçar expectativas realistas, pois a depender da situação da empresa os resultados podem vir mais a longo prazo. Viviane finaliza dizendo:
“E uma outra dica que eu dou: não comparem vocês desde o início, não adianta você achar que se você é uma empresa micro ou uma Startup em um ano você vai ter o resultado que grandes empresas têm, que são implantações de anos de ESG.”
Exemplo de empresa ESG
Atualmente, existem várias empresas que têm aderido às práticas ESG e têm sido reconhecidas por isso, entre elas podemos citar a holding brasileira Natura &Co, que tem como aspiração:
“Ousaremos inovar para promover impactos econômicos, sociais e ambientais positivos, o que nos transformará na melhor empresa de beleza PARA o mundo.”
Além de ser uma empresa certificada como Empresa B, que também tem objetivos similares, também acaba fortalecendo diversas práticas ESG.
Em seu site é possível ver diversas informações acerca de seus objetivos, compromissos e práticas, com relatórios anuais disponíveis publicamente. Um exemplo:
“Em 2020, Natura &Co apresentou sua Visão de Sustentabilidade, conhecida como Compromisso com a Vida, traçando metas e ações para enfrentar alguns dos problemas mais prementes do mundo. A visão se concentra em enfrentar a crise climática, defender os direitos humanos e migrar para a circularidade e regeneração. A cada ano, atualizamos nosso progresso e desafios em relação às nossas metas.”
A empresa tem um compromisso de reduzir sua emissão de gases de efeito estufa em mais de 30% até 2030, além de também almejar outras metas relacionadas à conservação da biodiversidade e ao uso responsável de recursos naturais.
A Natura &CO também possui diversas ações relacionadas aos outros pilares para se inspirar, com um tópico de cada em seu site de Relação com Investidores, como é possível ver na imagem abaixo.
Espero que este artigo tenha esclarecido algumas dúvidas sobre o ESG e que você possa aplicar algumas das ideias aqui aprendidas na sua empresa.
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