Por Igor Gavazzi Vazzoler
Quem é da área de recursos humanos já deve conhecer a Deloitte, uma das quatro maiores empresas de serviços profissionais do mundo e muito respeitada na frente de consultoria em gestão de capital humano.
A empresa publica anualmente um relatório com as 10 tendências do capital humano e os resultados deste ano, baseado nas respostas de mais de 7 mil gestores e líderes de RH de 130 países ao redor do mundo, indicam grandes mudanças ocorrendo na cultura e estrutura organizacional das empresas.
Neste post iremos apresentar resumidamente as conclusões expostas no relatório. Para os profissionais da área de Recuros Humanos, incentivamos fortemente a leitura completa deste estudo que pode ser baixado gratuitamente no site da empresa.
As Forças das Mudanças e o Impacto para o RH
O que mais chama a atenção nos resultados do relatório deste ano é que 92% dos participantes da pesquisa consideram que o redesenho da estrutura organizacional é muito importante para a companhia.
Esta necessidade de mudança, que nem sequer apareceu nos relatórios das pesquisas dos anos passados, foi o primeiro colocado nas tendências deste ano.
Segundo a Deloitte, a “nova organização” possui equipes com mais autossuficiência, que seguem um novo modelo de gestão de pessoas e com líderes mais jovens e globais.
Os principais fatores que estão impulsionando estas mudanças são:
- Mudanças demográficas: por serem cada vez mais globais, há uma mistura de gerações dentro das organizações, o que demanda foco na inclusão para unir as pessoas;
- Tecnologia digital no trabalho: novas ferramentas estão mudando radicalmente o ambiente corporativo e como o trabalho é feito, permitindo maior integração entre os colaboradores. Os setores de RH e gestão de talentos irão sofrer mudanças, adotando uma nova abordagem chamada de RH digital;
- Aceleração da taxa de mudanças: o que exige que as organizações sejam mais ágeis para responder e se reposicionar frente às mudanças;
- Nova relação entre empregado e empregador: 40% dos trabalhadores são temporários, de meio período ou trabalham por demanda, ou seja, não possuem o contrato tradicional de trabalho. Sendo assim, o time de recursos humanos precisa adequar as práticas e a cultura da companhia para apoiar essa nova força de trabalho.
Como pode ser visto, o time de RH deve desempenhar novos papéis para lidar com estas mudanças, auxiliando gerentes na distribuição de informações e na criação de uma cultura de colaboração, empoderamento e inovação.
As 10 tendências do Capital Humano
1 – Reestruturação Organizacional
92% dos executivos e gestores de RH que responderam a pesquisa consideraram que a reestruturação organizacional é uma prioridade crítica, sendo que quase metade dos das empresas entrevistadas estão no meio do processo de reestruturação.
No novo modelo organizacional as equipes serão interconectadas e flexíveis. Para cada projeto e desafio específico um novo time é montado e, assim que a tarefa é finalizada, os membros da equipe são realocados ou dispensados.
A força motriz desta reestruturação é principalmente causada pela presença dos millennials, que já ocupam 50% da força de trabalho, e estão em constante busca de experiências significativas, com muito aprendizado e boas oportunidades de crescimento rápido na carreira.
2 – Despertar da Liderança
Este é sempre um tópico de destaque para o setor de RH e foi classificado como o segundo aspecto que mais demanda atenção este ano, com 89% dos votos.
Segundo os resultados da pesquisa, mais da metade dos entrevistados relatam que suas empresas não estão prontas para atender as novas necessidades de liderança demandadas pelos Millennials e que houve pouco aumento de investimento nesta área em relação ao ano passado.
3 – Formar a Cultura
Na pesquisa de 2015 cultura e engajamento eram considerados como apenas uma categoria e foram classificados como o aspecto mais importante dentre os demais. Na pesquisa deste ano, estes dois aspectos foram apresentados separadamente e ambos ficaram no top 10.
Citando a descrição da Deloitte: “Cultura descreve ‘o jeito que as coisas funcionam’, enquanto engajamento descreve ‘como as pessoas se sentem com o jeito que as coisas funcionam’”.
4 – Engajamento
O engajamento do colaborador continua como uma tendência forte do capital humano, com 85% dos participantes da pesquisa considerando este um fator muito importante para as empresas.
5 – Aprendizado do Colaborador
Esta tendência subiu na lista. As empresas estão procurando maneiras de fornecer oportunidades de aprendizado significativas para seus colaboradores.
Ferramentas de cursos online e de treinamento por vídeo tiveram alto crescimento se comparado com os anos anteriores, o que está alinhado com os resultados que mostramos no post “Pesquisa de Comunicação Interna” que mostra um grande aumento nos canais eletrônicos de vídeo utilizados na CI da empresa, como a TV Corporativa e vídeos pela intranet.
6 – Design Thinking para melhorar a experiência do colaborador
O design thinking é uma tendência para o setor de gestão de capital humano.
Deloitte diz que ao invés de implementar programas e processos engessados, os líderes de RH estão estudando os colaboradores para auxiliar no desenvolvimento de ferramentas que irão ajudá-los a serem menos estressados e mais produtivos.
7 – Aumentar as capacidades da equipe de RH
Houve um aumento significativo no número de profissionais que afirmaram que suas empresas têm um programa sólido para a melhoria das habilidades, capacidades e experiências do time de recursos humanos.
8 – Análise de Pessoas
A tecnologia permite que as decisões do departamento de RH sejam baseados em dados e, na verdade, esta é uma tendência forte para o setor.
Estes dados são usados tanto na hora de contratar, para auxiliar na escolha, quanto para a análise dos colaboradores e seus resultados. Segundo a pesquisa, 44% das empresas entrevistadas estão utilizando dados dos colaboradores para prever a performance da companhia.
9 – RH Digital
74% dos executivos consideraram a digitalização do RH como uma importante, ou muito importante, tendência deste ano. Trata-se da utilização de plataformas digitais que irão mudar os processos, sistemas e formas de entregar os serviços realizados pelo gerentes de capital humano.
10 – A Economia gig
A parcela de força de trabalho gig (autônoma, meio período ou contingente) já é significativa dentro das organizações e tendem a aumentar ainda mais. Portanto, o setor de RH precisa estar atento a esta tendência para poder integrá-los à cultura da companhia e aproveitar o potencial destes colaboradores.
Dentre os participantes desta pesquisa, a América Latina correspondeu a 23% dos profissionais questionados, ou seja 1632 pessoas. O Brasil foi o terceiro país com o maior número de participantes, com 378 profissionais de RH e executivos das empresas.
Fonte: http://www2.deloitte.com/us/en/pages/human-capital/articles/introduction-human-capital-trends.html
Imagem: http://www.freepik.com