Por Danieli Closs
Humanidade, humanizar, humano.
O que te torna humano? O que torna uma empresa humana?
Humanize: o amor é contagioso é o nome da palestra do médico, humorista, humanista e intelectual, Patch Adams. Vestido de palhaço, Patch nos lembra do amor, uma das (se não a) principais características que nos torna humanos, mas que hoje, não é tão praticada assim.
Para ele, as escolas deveriam ensinar a amar a si mesmo, as pessoas, o meio ambiente, o todo em que vivemos. Ele também acredita que o ambiente corporativo pode ser transformado, basta uma pessoa ter a iniciativa e ser radiante, empático ou humano, pois “quanto mais feliz você for, mais difícil será para o outro resistir”.
“Trabalho por um mundo em que ninguém saiba o que a palavra guerra significa.” – Patch Adams
E com essa inspiração iniciou um dos maiores eventos de recursos humanos do mundo, o CONARH – Congresso Nacional Sobre Gestão de Pessoas, que em sua 45ª edição recebeu mais de 150 palestrantes e contou com mais de 160 expositores na ABRH EXPO. Foram mais de 30 mil pessoas circulando por todo o evento entre os dias 13 e 15 de agosto de 2019.
O Congresso foi dividido em cinco trilhas simultâneas de conhecimento, com palestras no palco principal e em palcos menores. Além delas, na área da expofeira, diversas outras palestras foram realizadas dentro de cada estande, e os principais assuntos discutidos foram: estratégia, cultura, liderança e talentos, digital, mercado e tendências.
Temática
A temática desta edição foi Humanize. Com a proposta de promover a reflexão de como reacender o lado humano em tempos de inteligência artificial, transformação digital e tecnológica, os painéis além de apresentar tendências, ferramentas e estratégias, trataram de temáticas como bem-estar, saúde mental, sustentabilidade e diversidade.
O evento esteve focado em “impulsionar empresas e profissionais a agregarem novas soluções mas sem deixar de lado o essencial: as pessoas. Por pessoas, com pessoas e para pessoas […] É a valorização das competências humanas. Resgatar o relacionamento, praticar a empatia, colaboração e promover ambientes mais inclusivos e sustentáveis.” – Paulo Sardinha, presidente da ABRH-Brasil.
A Progic no CONARH 2019
Juntamente com meu colega Higor Lima, que também produz conteúdo aqui para o Endomarketing.tv, fizemos a cobertura do evento. Estávamos atentos aos principais insights e novidades discutidas para trazer até nossos leitores um pouquinho do que rolou por lá.
Além deste artigo, em breve compartilharei outros textos falando sobre algumas das principais temáticas, com os dados e reflexões gerados. Já o Higor, compartilhará com vocês diversos podcasts com os palestrantes que abrilhantaram o evento, então continue acompanhando, pois o CONARH 2019 acrescentou muito a todos que participaram e gerou vários aprendizados.
Os Aprendizados do CONARH 2019
Sou apaixonada por pessoas, em entender como elas se comportam, o que as motiva e estou sempre buscando por maneiras de tornar o ambiente corporativo mais humano e empático.
O CONARH 2019 foi uma experiência incrível, uma imersão em todos os assuntos e causas que acredito e defendo. Nos três dias de evento, consegui acompanhar 15 palestras, sempre atenta para trazer as melhores contribuições para quem nos acompanha por aqui e não teve a oportunidade de participar desta edição.
Foi muito conteúdo compartilhado, jamais conseguiria transmitir tudo que aprendi e vivenciei por lá, mas tentei resumir em alguns tópicos os principais assuntos que permearam as palestras que assisti e você pode conferir abaixo.
Boa leitura!
Economia Sustentável
Qual o impacto da sua empresa no meio ambiente?
Se você ainda não conhece a resposta para essa pergunta, está na hora de tentar descobrir. As empresas precisam olhar para o meio ambiente com urgência e agir, não há outra saída a não ser contribuir para salvar o planeta.
No painel Economia e Bem-estar – uma nova métrica de sucesso das organizações, o empreendedor Marcel Fukayama apresentou o conceito Empresas B, que significa ser uma empresa com o compromisso de ser uma agente de mudança e contribuir para a solução dos problemas sociais e ambientais do planeta.
Ele apresentou algumas das vantagens de ser uma empresa com propósito voltado à sustentabilidade e a melhoria do mundo que vivemos, como por exemplo:
- Melhoria na gestão;
- Fortalecimento da governança;
- Atração de talentos;
- Posicionamento para a cadeia de valor;
- Performance sustentável.
Empresas como Natura, Mãe Terra e Danone foram citadas como exemplo de empresas que estão calculando seu impacto no meio ambiente e trabalhando para diminuir, ou compensar de alguma forma, os efeitos causados na natureza.
As novas gerações – que por sua vez influencia todas as demais – não pensam somente em si ou em sua família, elas entram no mercado de trabalho pensando no todo, em como isso contribui para a sociedade, considerando os propósitos atrelados às empresas.
E este é um caminho sem volta. Olhar para os problemas ambientais e sociais é uma vantagem competitiva e a sua empresa precisa parar, olhar e fazer alguma coisa.
Bem-estar dos Colaboradores
De longe esse foi um dos assuntos que mais se repetiu nos painéis que acompanhei, mas sempre de forma inovadora e atrelada a diferentes formatos, ambientes e estratégias. Mas a conclusão que podemos tirar de palestras como a com Dante Gallian, Diogo Lara e Drauzio Varella é que as empresas precisam fazer algo pela saúde mental de seus funcionários.
Muitos dados foram apresentados durante os painéis como, por exemplo, 40% da produtividade no mundo do trabalho é perdida por transtornos mentais, ou ainda que cerca de 30% dos colaboradores sofre com algum problema emocional significativo e mais de 65% não os trata.
Em breve as doenças que mais levarão pessoas aos hospitais serão a depressão e o burnout. As pessoas estão se sentindo sugadas, esgotadas. Estamos nos matando de tanto trabalhar, literalmente. A previsão é de que em 2020, a depressão seja a principal causa de absenteísmo.
Está na hora das empresas se preocuparem mais com o bem-estar dos colaboradores, não apenas com o lucro. E, para isso, as lideranças precisam estar cientes da importância da humanização e aplicar métodos que promovam o equilíbrio entre mente saudável e trabalho.
Uma empresa humanizada, que possui programas e aplica metodologias para promover o bem-estar dos seus colaboradores – genuinamente, terá muitos resultados impactando na motivação, produtividade e, consequentemente, nos lucros da organização.
Em breve publicaremos um artigo somente sobre este tema, compilando as principais metodologias e estratégias compartilhadas no evento para colaborar com a saúde mental dos funcionários.
Mas você também pode conferir nosso artigo sobre o Setembro Amarelo e baixar o material para trabalhar essa campanha na sua empresa.
Diversidade e Inclusão Agora
Neste tópico eu quero abrir um parêntese e propor uma reflexão (se você já assistiu o filme Hidden Figures, entenderá o que quero dizer): Já pensou onde o mundo e a evolução estariam hoje, se muito antes as oportunidades fossem as mesmas para mulheres, negros e qualquer outra característica que seja diferente do padrão homem-branco-hétero?
Pois é.
Não podemos mais esperar, é preciso viver a diversidade, principalmente nas organizações. E essa diversidade não pode ser somente de gerações ou opiniões, isso é o básico, é preciso ir além.
Somos diversos, essa é a verdade. Essa diversidade está aí há muitos anos e é a maioria, não o contrário como muitos ainda costumam chamar.
O tema diversidade também foi um assunto muito debatido no CONARH 2019. Acompanhei alguns painéis sobre inclusão de pessoas com deficiência, igualdade de gênero e sobre a diversidade como um todo e voltei otimista.
Se todas as pessoas que presenciaram aqueles painéis conseguirem levar essa mentalidade para suas empresas, uma grande transformação pode acontecer.
O diferente incomoda, ele te tira do conforto, mas ele também agrega, soma, proporciona melhores resultados humanos e financeiros. Mas antes de colocar a diversidade nas peças publicitárias ela deve estar na cultura da organização e para que isso aconteça é preciso falar, aprender e conviver com as diferenças.
Por isso, leve os temas para dentro da organização, promova debates, transforme as políticas de contratação, dê voz e oportunidade para todos. “Direito humano só é humano quando é pra todo mundo.” – Vania Ferrari.
Geração de Valor Compartilhado
Ao refletir sobre os três tópicos que já citei, chegamos ao quarto aprendizado, ou conclusão dos temas que foram debatidos: a geração de valor de uma empresa deve ser compartilhada. Antes, essa geração de valor era voltada aos investidores, a empresa precisava gerar lucro para quem investia nela, o foco era praticamente apenas financeiro.
Agora, com a economia sustentável, o bem-estar dos colaboradores, a diversidade e todas as outras pautas humanas e ambientais, o valor gerado deve ser global. Sua empresa precisa ser rentável para todos os públicos envolvidos, desde investidores, colaboradores, clientes, até a sociedade e o meio ambiente.
O ser humano nunca questionou tanto a conexão entre lucro e propósito. Os jovens que estão entrando no mercado corporativo querem trabalhar em empresas que estão de acordo com os propósitos, com o desenvolvimento e com a evolução.
Além disso, os clientes também estão atentos às causas e objetivos das empresas. Cada vez mais as pessoas estão escolhendo de quem comprar, qual produto consumir, estão investigando como as coisas são feitas, com o que são produzidas e qual o impacto disso para o meio ambiente e a sociedade.
Portanto, as empresas que não se transformarem, ficarão para trás, o que nos leva ao último aprendizado da lista.
Transformação e Evolução
“O mundo está se tornando mais feminino, mais velho, mais educado, mais leste e mais urbano.” Alessandra Morrison.
Todos os painéis envolveram o futuro, como estamos lidando com o que está por vir?
Inteligência artificial, novas tecnologias, evolução de ferramentas, processos, novos empregos em ascensão… muitas coisas estão mudando, o mundo está em uma transformação e evolução rápida e constante. Mas como as empresas podem acompanhar essa evolução e se transformar sem perder a essência?
O primeiro entendimento é de que a evolução não vai tirar o emprego das pessoas. O ser humano tem uma capacidade incrível de aprender e desenvolver novas habilidades, portanto a adaptação é possível – e imprescindível.
O único problema é que esta evolução está sendo tão rápida que acabamos esquecendo de pautas como o bem-estar e a saúde mental, não estávamos preparados para um transformação tão veloz.
Por isso a urgência em trabalhar esses assuntos, buscar formas de acompanhar as transformações e ao mesmo tempo manter a cultura e o clima das organizações saudáveis. O propósito e os valores são essenciais para manter a cultura viva, eles precisam fazer sentido para todos que estão ali e até mesmo serem alterados quando houver necessidade.
Contrate pessoas com valores que se parecem com os da organização, desenvolva as habilidades dos seus colaboradores, promova uma gestão aberta e horizontal. O mundo atual está exigindo humanidade em um cenário tecnológico.
Humanize
O CONARH 2019 permitiu que seus participantes vivessem a sua temática em todos os momentos, em cada painel, estande ou roda de conversa. Acredito que a maioria dos congressistas e visitantes compartilham do sentimento de transformação, de fazer acontecer e, principalmente, de humanizar suas empresas.
E eu espero ter conseguido repassar esse sentimento com os tópicos que citei, além da importância de dirigir nosso olhar e nossas ações ao bem-estar dos colaboradores, do meio ambiente e da sociedade como um todo.
Em breve vamos compartilhar por aqui conteúdos mais aprofundados sobre os principais temas apresentados no evento e as entrevistas com 20 palestrantes no Progicast, continue acompanhando.
“Se a gente formar melhores colaboradores, estaremos formando melhores pessoas para o mundo.” – Ana Nogueira.