Por Danieli Closs

“Fernando é responsável pela Comunicação Interna da empresa em que trabalha e sempre se preocupou muito em facilitar a troca de informações entre os colegas. Mas a empresa está crescendo, o quadro de colaboradores aumenta a cada mês e Fernando está ficando preocupado.

Seu time também cresceu, mas eles têm esse desafio pela frente: engajar os novos funcionários e tornar a comunicação um hábito entre as equipes.

Agora, como Fernando pode resolver este problema? De que maneira ele pode garantir que todos terão conhecimento das informações e realmente entenderão as mensagens?”


O desafio de Fernando nessa pequena história, se tornou comum nas empresas, pois a quantidade de informações que recebemos diariamente é extremamente maior do que a que conseguimos absorver.

Automaticamente ignoramos assuntos que não são de nosso interesse e damos atenção àqueles que se destacam de alguma forma.

Mas que forma é essa?

As empresas começaram a utilizar o storytelling, ou em português, contação de histórias, para aumentar o interesse do interlocutor com a mensagem, fazendo com que ele se conecte com ela e guarde mais informações.

Ao contar uma história é possível envolver o espectador com as informações. E nesse post vamos trazer dicas para utilizar o storytelling como estratégia de comunicação, para que você possa aplicá-lo na sua empresa e encantar os colaboradores.

Mas primeiro, vamos entender o conceito e explicar porque ele é tão eficaz.

O que é Storytelling?

O termo storytelling provém da palavra storytellers, que significa contadores de histórias, portanto, a técnica se refere ao uso de narrativas como estratégia de comunicação.

O storytelling já vem sendo utilizado por diversas empresas, principalmente como estratégia de marketing no meio digital, onde encanta e conquista a empatia dos consumidores.

Um exemplo é um vídeo produzido pela Lego em 2012, onde a história da empresa é contada no formato de animação com 17 minutos de duração.

Em uma realidade em que o tempo é um dos recursos mais escassos, percebemos o poder dessa estratégia quando um vídeo com essa duração possui mais de 15 milhões de visualizações.

Essa falta de tempo, unida à quantidade de informações recebidas e plataformas disponíveis para acesso de conteúdo, ocasionaram juntas o déficit de atenção das pessoas.

Mas além desses fatores, Jonathan Gottschall, autor do livro The Storytelling Animal: How Stories Make Us Human, explica que a mente humana é andarilha por natureza e sempre que não possuir algo importante para fazer, ela irá divagar em pensamentos e histórias.

Estudos também mostram que as pessoas gastam cerca de um terço das vidas em fantasias e ficções, tendo cerca de 2 mil deles por dia com uma duração média de 14 segundos.

E o storytelling é uma das soluções para esses devaneios.

Quando assistimos à algum filme ou seriado, somos envolvidos pela narrativa, nos alegramos, sofremos e comemoramos com os personagens.

Isso acontece porque nosso cérebro ao ouvir uma boa história, se comporta como protagonista e procura se identificar com o que está sendo contado. Por isso, essa técnica é tão eficaz, encanta e ganha a atenção dos espectadores.

Entretanto, a prática vai muito além do simples ato de narrar, ela depende de muitos aspectos para alcançar o resultado almejado. Além de contar uma ótima trama, ela deve ser apresentada de forma espetacular, com foco e objetivo.

Storytelling na Comunicação da Empresa

Agora como podemos utilizar essa estratégia para resolver o problema do Fernando?

Muitas vezes esquecidos, os colaboradores são os protagonistas da história da empresa. Se a comunicação entre colegas não vai bem e as informações acabam distorcidas, está na hora de repensar a estratégia.

Quando falamos de grandes empresas, onde há um vasto volume de demanda e contratações, o storytelling se torna um aliado na hora de comunicar.

Ao contar a história da sua empresa aos seus colaboradores, transmitir as conquistas e derrotas, ocorre uma transferência de valores.

Os funcionários se sentirão livres para compartilhar suas próprias histórias de vida, se aproximando uns dos outros e também da organização.

Além disso, segundo os autores do livro Made to Stick: Why some Ideas Survive and Others Die, 63% das pessoas se lembra de histórias, enquanto 5% se lembra de estatísticas individuais.

E Como Contar Histórias?

Preparamos 8 dicas para ajudar você que se identificou com o Fernando no início deste post, ou que possui outro desafio na comunicação interna da sua empresa que pode ser solucionado com o storytelling.

1 – Seja Verdadeiro, Sempre!

seja verdadeiro

Existem muitos cases de empresas que não foram verdadeiras ao contar suas histórias aos colaboradores e clientes, um exemplo é a sorveteria Dilleto que mentiu sobre seu fundador.

No storytelling, a veracidade das informações é muito importante, pois ao mentir, as consequências podem ser irreversíveis.

Isso não quer dizer que a fantasia e personagens fictícios não possam ser utilizados, desde que fique claro já no início da história para evitar qualquer conflito de informações.

2 – Siga a Jornada do Herói (com Harry Potter)

A Jornada do Herói pode ser considerada um modelo de como fazer storytelling. É um padrão narrativo que possui 12 etapas que podem ser identificadas em qualquer história. Vamos explicar cada etapa relacionando a aventura vivida por Harry Potter em a Pedra Filosofal.

Mundo comum

Harry estava acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas e era ali que ele dormia.

Quando o herói (personagem principal) é mostrado em seu mundo comum para poder criar um contraste nítido com o estranho mundo que irá entrar.

Chamado à aventura

“Temos o prazer de informar que V. Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.”

É apresentado ao herói um desafio, uma aventura a empreender.

Recusa ao chamado

“– Rúbeo – disse calmo –, acho que você deve ter cometido um engano. Acho que não posso ser um bruxo.”

O herói fica em dúvida se deve mesmo aceitar o desafio.

Mentor

“– Não se preocupe com isso – disse Hagrid, coçando a cabeça enquanto se levantava. –Você acha que seus pais não lhe deixaram nada?

– Mas se a casa foi destruída…

– Eles não guardavam o ouro que tinham em casa, garoto! Não, nossa primeira parada vai ser em Gringotes. O banco dos bruxos. Coma uma salsicha, elas não são ruins frias, e eu não deixaria de comer uma fatia do seu bolo de aniversário.”

storytelling mentor do harry potter

Na maioria das histórias há um mentor, sábio ou algum personagem mais velho que orienta o herói em sua caminhada. Claro que temos Dumbledor como Mentor de Harry durante a história, mas no primeiro livro, Hagrid faz muito esse papel.

Travessia do primeiro limiar

“Harry seguiu Hagrid em direção ao rochedo. O céu estava bem claro agora e o mar cintilava ao sol. O barco que tio Válter alugara continuava lá, com muita água no fundo depois da tempestade.”

O herói decide enfrentar o desafio e parte pra ação.

Testes, aliados e inimigos

“[…]Já sei de cor todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente; aliás, sou Hermione Granger, e vocês quem são? Ela disse tudo isso muito depressa.

Harry olhou para Rony e sentiu um grande alívio ao ver, por sua cara espantada, que ele não aprendera todos os livros de cor tampouco.

– Sou Rony Weasley.

– Harry Potter.”

O herói conhece outros personagens, faz aliados e inimigos.

Aproximação da caverna oculta

“Harry passou por cima de Fofo e espiou pelo alçapão. Não viu nem sinal de fundo.

Baixou o corpo pelo buraco até ficar pendurado pelas pontas dos dedos. Então olhou para  Rony no alto e disse:

– Se alguma coisa acontecer comigo, não me siga. Vá direto ao corujal e mande Edwiges ao Dumbledore, certo?”

O herói chega à fronteira de um lugar perigoso, onde está escondido o objeto de sua busca.

A provação

“Harry ficou em pé de um salto, agarrou Quirrell pelo braço e segurou-o com toda a força que pôde. Quirrell berrou e tentou se desvencilhar – a dor na cabeça de Harry estava aumentando – ele não conseguia enxergar – ouvia os gritos terríveis de Quirrell e os berros de Voldemort “MATE-O! MATE-O!” e outras vozes, talvez dentro de sua própria cabeça, chamando “Harry! Harry!”.

Sentiu o braço de Quirrell desprender-se com força de sua mão, teve certeza de que tudo estava perdido e mergulhou na escuridão, cada vez mais profunda.”

Ocorre o confronto do herói com seu maior medo. Normalmente é um momento de tensão para a plateia que fica sem saber se o herói seguirá seu caminho ou não.

Recompensa

“– Como foi que tirei a Pedra do espelho?

– Ah, fico satisfeito que você tenha me perguntado. Foi uma das minhas ideias mais brilhantes, e cá entre nós, isto é alguma coisa. Sabe, só uma pessoa que quisesse encontrar a Pedra, encontrar sem usá-la, poderia obtê-la.”

Após sobreviver o maior desafio, o herói tem motivos para celebrar e se apossa do tesouro que veio buscar.

Caminho de volta

“Harry desceu para a festa de fim de ano sozinho aquela noite. Atrasara-se com os cuidados de Madame Pomfrey, que insistiu em lhe fazer um último check-up, de modo que o Salão Principal já se enchera. Estava decorado com as cores de Sonserina, verde e prata, para comemorar sua conquista do campeonato das casas pelo sétimo ano consecutivo. Uma enorme bandeira com a serpente de Sonserina cobria a parede atrás da mesa principal.”

O herói começa a lidar com as consequências de ter vivido a aventura e precisa decidir se voltará ao mundo comum.

Ressurreição

“– Sim, senhores, Sonserina está de parabéns. No entanto, temos de levar em conta os recentes acontecimentos.

A sala mergulhou em profundo silêncio.

– Tenho alguns pontos de última hora para conferir. Vejamos. Sim… […]

– Terceiro: ao Sr. Harry Potter. – A sala ficou mortalmente silenciosa. – Pela frieza e excepcional coragem, concedo à Grifinória sessenta pontos.”

É uma espécie de exame final do herói que é posto à prova mais uma vez para ver se aprendeu as lições da Provação.

Retorno com o elixir

“– Espero que você tenha… hã… umas boas férias – disse Hermione, olhando hesitante para tio Válter, espantada que alguém pudesse ser tão desagradável.

– Ah, claro que sim – respondeu Harry, e eles ficaram surpresos com o sorriso que se espalhava pelo seu rosto. – Eles não sabem que não podemos fazer bruxarias em casa. Vou me divertir à beça com o Duda este verão…”

O herói retorna ao Mundo Comum com um tesouro ou elixir, podendo ser apenas uma boa história pra contar.

Esse formato foi desenvolvido por Joseph Campbell em o Herói de Mil Faces e é utilizado por autores e roteiristas. É um padrão narrativo, mas que pode ser adaptado às necessidades de cada história, excluindo, incluindo ou alterando etapas.

Ao seguir a Jornada você terá mais segurança e chances de acertar no enredo e desfecho que seu storytelling irá tomar.

3 – Inove no Formato

storytelling inove no formato

Uma história pode ser contada de diferentes maneiras e formatos, em vídeo, texto, imagens, quadrinhos, enfim, de todas as formas que você imaginar, a escolha dependerá do público que você pretende atingir.

Uma dica, é utilizar vídeos, que são tendência na comunicação para 2017, mas nada impede que você inove com outras plataformas, trabalhe no design e transforme o ouvir em uma experiência incrível para seus colaboradores.

4 – Incentive os Líderes a Utilizarem a Prática

Contar histórias pode ser a solução para motivar a equipe e incentivar a produtividade.

Grandes líderes da humanidade como Nelson Mandela e Martin Luther King, utilizaram histórias em sua jornada e dessa maneira convenceram e motivaram milhares de pessoas.

Da mesma maneira, os líderes da sua empresa podem utilizar a técnica em reuniões, workshops, coaching e treinamentos, garantindo assim a atenção de todos.

5 – Utilize Informações Sensoriais

herminione - sinto cheiro do ron

Os detalhes fazem com que quem ouve a história se transporte para o ambiente em que a trama está ocorrendo, estimulam a imaginação, tornando a experiência mais realista.

Por isso, transmita os detalhes como tempo, cheiros e sons, eles tornarão sua história mais concreta e envolvente.

6 – Seja Simples

A simplicidade deixa a história mais leve, fácil de entender sem cansar quem a ouve ou a lê.

Independente do que se pretende informar, descomplicar é sempre a melhor opção para se fazer entender.

O storytelling também pode ser usado para informar dados, ou estatísticas de forma mais dinâmica e de fácil entendimento.

Uma história pode ser simples e conter todos os seus pontos principais, de como, onde, quando e porquê ocorreu.

Seja simples, simples assim.

7 – Conecte-se Emocionalmente

storytelling conecte-se emocionalmente

As pessoas estão em busca de algo além da superficialidade em que estão inseridas. Com a tecnologia e a internet, ficamos cada vez mais distantes fisicamente uns dos outros e portanto, carecemos desse contato.

Ao contar uma história, é importante conectar-se com o ouvinte. Essa conexão pode ser de valores, características ou emoções.

O storytelling traz aspectos emocionais e promove o convencimento a partir de relações com as experiências do público. Informações e dados falam com a mente das pessoas, histórias falam com o coração.

Uma boa história é aquela que transporta o espectador para a realidade contada. Segundo estudos psicológicos, isso ocorre quando a narrativa proporciona o envolvimento emocional, por isso, a maioria das histórias é sobre algum problema e seus personagens tentando superá-los.

Quando nos apresentamos, a empresa onde trabalhamos é uma das primeiras coisas que falamos após o nome. Os colaboradores querem se conectar com o local que trabalham, trocar valores, se identificar com os colegas, e as histórias são uma ótima maneira de fazer isso acontecer.

8 – Envolva o Time

storytelling teamwork

O storytelling não precisa ser aplicado apenas pelos responsáveis pela comunicação ou líderes da empresa. Envolver os colaboradores na ação também pode promover excelentes resultados.

Essa é uma ótima alternativa para trocar experiências e valores. Em datas comemorativas como dia das mães e dia dos pais, convide os homenageados a compartilharem suas histórias com os demais. Você vai garantir integração e promover o companheirismo entre os colaboradores.

Conclusão

Uma história pode ser simples ou inovadora, pode informar ou apenas distrair, mas se ela conseguir se conectar com o público, o impacto será positivo.

As pessoas vivem rodeadas por histórias, a comunicação e o aprendizado ocorrem por elas, além disso as narrativas possuem a capacidade de prender a atenção de quem as ouve, lê ou assiste.

Por isso, contar histórias se tornou uma alternativa para o déficit de atenção. O storytelling está mudando a forma como repassamos informações no meio corporativo, ele tem a capacidade de manter a concentração do público e envolvê-lo com a narrativa.

Neste post apresentamos algumas dicas para aplicar o storytelling na comunicação de sua empresa. A ideia dessa prática é facilitar o entendimento de informações e envolver os colaboradores com a empresa em que estão inseridos.

E se você tem alguma dica ou sugestão de como aplicar o storytelling na comunicação interna, pode ficar à vontade e compartilhar sua opinião ou dúvidas nos comentários.

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Escrito por Danieli Closs

Comunicadora, especialista em marketing digital e usa do poder das palavras para se conectar com as pessoas. Feminista ativista, inconformada e questionadora, busca diariamente impactar o mundo positivamente, também através do trabalho.
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