Por Higor Lima
Oi! Como você tem passado os últimos dias? Espero que bem, na medida do possível.
Dando continuidade à nossa série de reportagens sobre os medos e angústias durante a quarentena, o tema abordado no artigo de hoje será ansiedade.
É cada vez mais comum encontrarmos nas redes sociais, colegas e conhecidos relatando como esse período de incertezas tem aflorado a inquietação, agonia e aflição.
Convidamos a psicóloga Colleen Jacyszen Reed para um bate papo, e trouxemos para a roda de conversa alguns casos de pessoas que compartilharam nos perfis da Progic suas histórias e sentimentos em relação ao coronavírus versus ansiedade.
Espero que todo esse material te ajude de alguma forma e mostre que você não está sozinho. Todos nós somos humanos, vulneráveis e temos dias bons e ruins.
Neste post você vai ver:
– Crônica: Diário da Quarentena, um personagem da vida real
– Ansiedade no trabalho no contexto da pandemia – por Colleen Reed
– Como lidar com a ansiedade? Entrevista com Colleen Reed
– Dicas de conteúdos que podem ajudar no momento de ansiedade
Boa leitura!
Crônica – Diário da Quarentena
Eu não sei explicar e, talvez, você não saiba entender.
É como entrar no mar… É como boiar o corpo sob a água transparente em um dia bonito de sol. Mas sem avisar, vem uma onda. Forte e turbulenta que me afoga e me leva direto para o chão.
São segundos, eu sei, mas que parecem demorar minutos, horas, dias para passar.
Falta de ar, desespero, descontrole… Acho que essa analogia, para mim, resume bem a ansiedade que sinto.
Nesses dias de isolamento social tenho me afogado de vez em quando. Ora por uma onda de responsabilidade que não sei se vou dar conta; ora por uma onda de ociosidade da solidão.
O trabalho tem me ajudado a ocupar o tempo, confesso. Diria até que trabalhar serve até como uma aula de natação, que me faz equilibrar a mente, pensar em outras coisas, ocupar meu tempo. Mas o trabalho sabe ser um professor bem maldoso às vezes (ou eu que seria um aluno que se cobra demais?).
Minha cabeça afunda sob a água. E quando acho que não vou mais aguentar, volto para superfície puxando o ar!
“Respira, calma. Um, dois, três… inspira”.
Eu sei que é ruim, mas uma hora vai passar.
Com sua licença, mas quero encerrar com palavras que não são minhas, mas também podem te ajudar.
“Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.
Tudo passa, tudo sempre, passará.
A vida vem em ondas, como o mar
Num indo e vindo infinito…”
Salve, Lulu Santos!
Ansiedade no Trabalho no Contexto da Pandemia – por Colleen Reed
Um sentimento que é incômodo para muitas, mas inevitável em nosso dia-a-dia: a ansiedade.
A ansiedade é uma resposta natural do nosso organismo e nos alerta de um perigo iminente, funcionando como um mecanismo de defesa em prol da nossa autorregulação, autopreservação e sobrevivência.
É um sentimento que faz parte da experiência humana, pois viver nos coloca em risco. Sentir ansiedade é saudável quando têm relação com a situação presente (da mesma forma que é natural chorar por estar triste ou rir ao se sentir alegre). O momento atual da pandemia e de isolamento social, por exemplo, é uma situação pontual que justifica sentir ansiedade.
Mas você sabe identificar a ansiedade?
A ansiedade pode ser sentida de diferentes formas, variando de pessoa para pessoa por conta da história pessoal de cada um.
Esse sentimento se manifesta no corpo pela liberação de hormônios pela amigdala, como o cortisol (conhecido como hormônio do estresse) e ocasiona sudorese, alterações no batimento cardíaco, na respiração, podemos sentir arrepios e dor de barriga.
E, por ser um sentimento tão presente no nosso cotidiano, também podemos vivenciá-lo no ambiente de trabalho. Seja por causa das metas que devem ser atingidas, uma reunião importante ou uma demissão eminente.
E, devido à constância dessas sensações, muitas pessoas se perguntam se não estariam sofrendo de algum Transtorno de Ansiedade.
Mas para que seja feito um diagnóstico correto do seu estado, é necessária uma investigação cuidadosa e com atenção para averiguar se o sentimento de ansiedade pode ser considerado disfuncional, ou seja, se aparece em situações que não representam muita ameaça ou nenhuma de fato. Ou ainda, em situações que não estão sob nosso controle.
A ansiedade pode vir como uma resposta pontual à uma situação, como pode evoluir para uma crise de ansiedade ou para um ataque de pânico, que seria o ponto máximo em que a pessoa sente que sua vida corre risco.
Para diferenciar, deve-se entender que a crise de ansiedade tem picos eventuais, mas gira em torno de uma preocupação constante. Diferente do ataque de pânico, que vem de forma imprevisível e é uma manifestação extrema desta tensão, acompanhada de um medo intenso de morte.
O fato é que viver com ansiedade causa sofrimento, ocasionado por uma leitura distorcida da situação. E também afetando a experiência de vida do sujeito, que perde a potencia e autenticidade da realidade, tendo uma baixa capacidade de presença efetiva com a realidade.
Nestes casos, é comum ouvir: “Sei que o medo que sinto não é proporcional ao tamanho do problema”. Mas não é apenas uma questão de mudar o mindset, de olhar a situação de um ângulo diferente. Quando não se está organizado emocionalmente o ideal é buscar ajuda profissional, para entender e descobrir se a ansiedade é patológica ou não.
Acolher este sentimento também faz parte do processo terapêutico e de autoconhecimento, em vez de lutar contra acreditando que precisa parar de ficar ansioso. Sobre este processo, Lowen, A. (1910), em seu livro intitulado Bioenergética afirma:
“Essa ajuda consiste em auxiliar a pessoa a compreender sua ansiedade e a descarregar a excitação, por meio da expressão dos sentimentos. Quando o caminho da auto-expressividade está desobstruído, o nível energético pode ser mantido num alto teor de excitação, tendo como resultado um corpo com uma vibrante vivacidade e totalmente responsável à vida.” LOWEN, A. (1982, 115 p.).
Porém, estamos mais em contato com o mundo externo do que o interno. A sociedade exige que estejamos sempre produzindo e dando resultados. Incorporamos esta rotina, e acreditamos que devemos dar conta do trabalho e ao mesmo tempo ter uma vida social, cuidar da saúde, estudos, etc.
Tudo isso é imposto a nós, fazendo com que tenhamos uma falsa crença de que temos o dever de estar sob controle de todos estes âmbitos de nossa vida.
E assim, vamos tentando dar conta deste malabarismo, sem ter consciência do sofrimento que todas estas exigências ocasionam. Esta mentalidade que robotiza o ser humano o afasta de sua humanidade. Tira de nós a possibilidade de elaborar e sentir o sofrimento, de nos dar tempo.
O Brasil está na 4ª posição entre os países em que a ansiedade apresenta as maiores taxas ao redor do mundo. Interessante observar também que, segundo os autores Mandolini, V., Andrade, L. H., & Wang, Y.–P. (2019), “quadros de fobia específica foram os transtornos mais prevalentes e mais persistentes na população geral investigada”. Porém, o transtorno do pânico foi o quadro mais frequente na busca por serviços especializados.
Assim, podemos concluir que o sentimento de ansiedade influencia na forma com que enxergamos e lidamos com a nossa vida e as adversidades que ela nos apresenta. Momentos como o atual, em que a pandemia nos freou e forçou um contato com o tempo presente, dão a oportunidade de refletirmos sobre a nossa capacidade de vivenciar o agora.
Não devemos lutar contra os sentimentos que surgirem, mas sim acolhê-los, conhece-los para assim conhecermos mais sobre nós mesmos, nossos limites e capacidades. Ao compreender e ressignificar estes afetos nos tornamos mais presentes, mais protagonistas de nossas vidas.
Como lidar com a Ansiedade? – Entrevista com Colleen Reed
Uma entrevista que tem como objetivo compartilhar anseios e mostrar novas formas de enxergar um problema.
Aqui, estamos longe de apresentar soluções incríveis ou fórmulas mágicas para exterminar a ansiedade. Mas temos um papo reto, para mostrar que você não está sozinho nessa!
Assista como foi a “sessão terapia” com a psicóloga Colleen Reed, no vídeo abaixo!
Gostou do artigo e do vídeo? Adoraríamos saber sua opinião, deixe nos comentários!
Sobre a Convidada
Colleen é psicóloga formada pela Universidade Positivo (2012-2016) e tem pós graduação em psicologia corporal pelo Instituto Reichiano, tendo atuado em áreas organizacional, escolar, social e clínica.
Atualmente atende em sua clinica particular, na cidade de Curitiba – PR. Contatos podem ser feitos através do seu Instagram @psicolleen.
Dicas de Conteúdo Para se Inspirar
Confira outros materiais que podem te ajudar no momento de ansiedade no trabalho, durante essa quarentena.
Tabela Periódica dos Transtornos Emocionais
Enquanto pesquisava sobre o assunto para poder fazer este material, acabei encontrando esse material, uma espécie de E-Book em formato de tabela periódica com informações não só sobre ansiedade, mas também de outros transtornos emocionais.
A Tabela foi produzida a partir dos fundamentos do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Emocionais (DSM-V), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria. O DSM-V é considerado um dos livros mais importantes do mundo quando para diagnósticos de doenças psiquiátricas. Porém, é um material relevante, robusto, de leitura técnica e complexa.
Com a tabela, produzida pela Vittude – terapia online, o entendimento desse conteúdo fica mais acessível e de fácil entendimento.
Faça o download gratuito do material, clicando aqui.
Documentário Yoga – Arquitetura da Paz
O documentário é baseado no livro homônimo do fotógrafo Michael O’Neill e, resumidamente, conta como o fotógrafo conseguiu, através da Yoga, mudar sua perspectiva em relação à vida depois de ter paralisia no braço.
O mais interessante do filme é a reflexão sobre os problemas mentais e físicos do mundo contemporâneo, através de uma história real.
O documentário está disponível na plataforma Netflix. Confira o trailer:
Aplicativo Zen
Durante esse período de isolamento social, acabei conhecendo e baixando o aplicativo para smartphone chamado Zen. Ele tem a finalidade de acompanhar o usuário na jornada do autoconhecimento e transformação.
Apresenta várias técnicas de meditações e relaxamentos de acordo com seu estado de espírito e necessidade. Algumas modalidades são gratuitas e outras pagas (usei apenas as grátis e achei bem interessante)
Saiba mais sobre visitando o site da Zen!
Podcast ZenCast
A plataforma Zenklub, de atendimento online para terapia, tem um podcast super legal sobre saúde emocional. Por lá, vários assuntos desse mundo são abordados: autocuidado, relacionamentos, resiliência, entre outros.
Assim como numa sessão de terapia, o Zencast possibilita que você encontre novas respostas a partir do diálogo. Então, a cada episódio, a jornalista Izabella Camargo recebe um novo convidado para compartilhar o seu conhecimento.
Aaaah, preciso contar que conheci esse podcast através do Instagram @compartilhapodcasts!
Livro Mentes Ansiosas
O acervo de livros que tem a ansiedade como tema central é gigante e eu nem me arrisco a dizer qual deles é melhor.
Vou indicar um que li e gostei, que foi da psiquiatra e best-seller Ana Beatriz Barbosa Silva. No livro, Ana Beatriz as diferentes manifestações da ansiedade através de uma linguagem objetiva e acessível. a autora analisa as causas, desdobramentos e possíveis formas de lidar com a ansiedade.
Não esqueça de compartilhar nas redes sociais nos marcando com as ações realizadas aí na sua empresa e nos acompanhe no Instagram, LinkedIn ou Telegram!
E se você busca uma Plataforma Multicanal de Comunicação Interna Completa para potencializar as suas campanhas, deixo aqui o convite para você conhecer a solução Progic e conversar com nossos especialistas.