Por Cleide Cavalcante

Você já ouviu falar sobre “Senciência”? Estes dias, vi um post no Instagram utilizando o termo, mas dentro do universo da educação. Então, imediatamente, já fiz um link, entendendo a importância e abrangência do estudo. A Senciência, em sua essência, refere-se à capacidade de sentir, perceber e ter experiências subjetivas. No contexto corporativo, isso se traduz na habilidade de reconhecer e processar não apenas os fatos e dados, mas também as emoções, intenções e o contexto humano por trás de cada interação. Não se trata apenas de processar informações de forma lógica, mas de captar as nuances, os sentimentos e as perspectivas que moldam a experiência de cada indivíduo dentro da organização.

Quando falamos de Senciência no trabalho, estamos nos referindo à percepção de que colaboradores, clientes e parceiros são seres com sentimentos, aspirações e preocupações. Ignorar essa dimensão é reduzir a comunicação a um mero intercâmbio de comandos e relatórios, perdendo a riqueza das interações humanas. Uma abordagem senciente reconhece que cada pessoa traz consigo uma bagagem emocional e cognitiva que influencia diretamente como ela recebe e interpreta as mensagens.

A Influência da Senciência nos Processos Comunicacionais

A senciência atua como um filtro e um amplificador nos processos comunicacionais. Ela determina como as mensagens são codificadas e, mais significativamente, como são decodificadas. Um emissor senciente considera o estado emocional e o contexto do receptor ao formular sua mensagem, escolhendo palavras e tons que ressoem de forma adequada. Isso vai além da clareza textual, adentrando o campo da ressonância emocional e da empatia.

Por outro lado, um receptor senciente não apenas ouve as palavras, mas também percebe o tom, a linguagem corporal e as intenções subjacentes. Essa percepção mais profunda permite uma compreensão mais completa e uma resposta mais alinhada. A ausência de senciência, contudo, pode levar a mal-entendidos, desconfiança e desengajamento, pois as mensagens são interpretadas de forma puramente literal, sem a camada de significado humano que as torna relevantes.

O Impacto na Comunicação Dentro das Corporações

A comunicação interna, seja ela vertical ou horizontal, é profundamente afetada pela presença ou ausência de senciência. Em uma comunicação vertical descendente, por exemplo, líderes que transmitem diretrizes sem considerar o impacto emocional ou as preocupações de suas equipes podem gerar resistência e desmotivação. A mensagem pode ser tecnicamente correta, mas falha em conectar-se com a realidade vivida pelos colaboradores.

Na comunicação horizontal, entre pares, a senciência facilita a colaboração e a resolução de conflitos. Quando colegas conseguem perceber as perspectivas e os sentimentos uns dos outros, a troca de ideias se torna mais produtiva e menos propensa a atritos. A comunicação externa também se beneficia: marcas que demonstram senciência em suas interações com clientes, seja no marketing ou no atendimento, constroem relacionamentos mais sólidos e duradouros, pois são percebidas como autênticas e empáticas.

Desconexões Comunicacionais: Exemplos Práticos

A falta de Senciência na comunicação corporativa pode manifestar-se de diversas formas, gerando desconexões significativas. Considere o anúncio de uma reestruturação organizacional: se a comunicação se focar apenas nos aspectos financeiros e operacionais, sem reconhecer a ansiedade, a incerteza ou o impacto nas vidas dos colaboradores, a mensagem pode ser recebida com desconfiança e ressentimento. A senciência aqui implicaria em abordar as preocupações humanas, oferecer suporte e criar canais para expressar sentimentos.

Outro exemplo ocorre no feedback de desempenho. Um feedback que se limita a apontar falhas de forma objetiva, sem considerar o esforço do colaborador, o contexto em que as tarefas foram realizadas ou o impacto emocional que a avaliação pode ter, tende a desmotivar em vez de promover o desenvolvimento. Um líder senciente busca entender as causas, oferece apoio e constrói um diálogo construtivo. Da mesma forma, em uma comunicação de crise, mensagens que não demonstram compreensão pela situação dos afetados ou que parecem evasivas podem agravar a crise de reputação, pois falham em estabelecer uma conexão humana.

O Modelo de Transformação: Da Senciência aos Resultados

A integração da Senciência na comunicação corporativa pode ser visualizada como um modelo de transformação que leva a resultados tangíveis. O ponto de partida é a senciência individual, que se manifesta na autoconsciência dos líderes e colaboradores, na capacidade de reconhecer as próprias emoções e as dos outros. Essa base permite o desenvolvimento de uma comunicação autêntica, caracterizada pela transparência, empatia e genuinidade. As mensagens são construídas com a percepção do receptor em mente, buscando não apenas informar, mas também conectar e inspirar.

Quando a comunicação se torna autêntica e senciente, os resultados corporativos são aprimorados. Observa-se um maior engajamento e retenção de talentos, pois os colaboradores se sentem valorizados e compreendidos. A colaboração e a inovação são impulsionadas em ambientes em que as pessoas se sentem seguras para expressar suas ideias e sentimentos. Além disso, a cultura organizacional se torna mais resiliente e humana, e a reputação da empresa, tanto interna quanto externamente, é fortalecida, gerando maior lealdade de clientes e parceiros.

Aplicações Práticas para Líderes e Organizações

Para integrar a senciência na comunicação, líderes e organizações podem adotar algumas práticas. O desenvolvimento da escuta ativa é fundamental: ir além das palavras, buscando entender as emoções e intenções subjacentes. Isso significa dar atenção plena, fazer perguntas abertas e validar os sentimentos do interlocutor. A promoção da empatia também é essencial, incentivando líderes a se colocarem no lugar de suas equipes e clientes, buscando compreender suas perspectivas e desafios.

A criação de espaços seguros para a comunicação é outra aplicação prática. Ambientes em que as pessoas se sintam à vontade para expressar suas percepções e sentimentos sem medo de julgamento ou retaliação são vitais para uma comunicação senciente. Por fim, a comunicação transparente e contextualizada deve ser priorizada: explicar o “porquê” das decisões, reconhecendo o impacto humano e oferecendo o suporte necessário, demonstra respeito pela Senciência dos envolvidos.

O Futuro da Comunicação Corporativa Em Uma Perspectiva Senciente

O futuro da comunicação corporativa aponta para uma era em que a Senciência deixará de ser um diferencial para se tornar um requisito. A comunicação não será apenas sobre transmitir informações de forma eficiente, mas sobre construir relacionamentos baseados em compreensão mútua e respeito pela experiência humana. Embora a tecnologia continue a evoluir e a oferecer novas ferramentas, a essência humana da Senciência permanecerá insubstituível, sendo o elo que realmente conecta pessoas.

Empresas que priorizarem a Senciência em suas interações, tanto internas quanto externas, terão uma vantagem distintiva. Elas serão capazes de cultivar ambientes de trabalho mais saudáveis, atrair e reter os melhores talentos e construir uma reputação de autenticidade e cuidado. A comunicação se tornará, assim, uma ferramenta para cultivar bem-estar, propósito e um senso de pertencimento, transcendendo a mera busca por produtividade e eficiência.

A senciência não é uma “soft skill” opcional, mas um elemento fundacional para qualquer organização que aspire a uma comunicação verdadeiramente eficaz e a um ambiente de trabalho humano e produtivo. Refletir sobre como podemos integrar mais Senciência em nossas interações diárias é um passo significativo para construir organizações mais conectadas e resilientes.

Boxe de Dicas Práticas

Como aplicar senciência na Comunicação Corporativa

Para gestores e líderes:

1. Escuta ativa com presença: antes de responder, ouça sem interrupções. Observe tom, expressão facial e o que não é dito. A compreensão vai além das palavras.

2. Crie espaços psicologicamente seguros: colaboradores precisam saber que compartilhar ideias, mesmo impopulares, não terá retaliação velada. Isso requer coerência entre discurso e prática.

3. Reconheça o contexto emocional: uma mensagem sobre redução de custos foi recebida como ameaça de demissão? Valide o sentimento antes de esclarecer. Não minimize percepções alheias.

4. Feedback bidirecional genuíno: não apenas comunique para baixo. Pergunte como sua liderança está sendo percebida. Vulnerabilidade constrói confiança.

5. Alinhe mensagem com ações: se diz “inovação é bem-vinda”, mas pune erros, colaboradores desconfiam. Alinhamento entre comunicação oficial e realidade é fundamental.

6. Teste suas mensagens: antes de comunicados importantes, compartilhe com alguns colaboradores. Como interpretam? Que sentimentos emergem? Ajuste conforme necessário.

Para equipes e colaboradores:

7. Comunique com intenção clara: não apenas o o quê, mas o por quê. Pessoas entendem e abraçam melhor decisões quando compreendem o propósito.

8. Cultive empatia na comunicação horizontal: seus colegas também têm pressões, medos e motivações. Reconheça isso nas interações.

9. Sinalize quando não se sente ouvido: feedback construtivo sobre comunicação corporativa, mesmo crítica, contribui para melhoria coletiva.

Para organizações:

10. Meça Senciência, não apenas informação: enquetes tradicionais perguntam “entendeu a mensagem?”. Pergunte “como se sentiu com essa comunicação?”. e “acredita que é verdadeira?”.

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Escrito por Cleide Cavalcante

Gerente de Comunicação e TV Corporativa, há 16 anos mudou o rumo da carreira para trabalhar com o que mais gosta: tecnologia, inovação e comunicação interna. Ao longo deste tempo, foram mais de 350 canais digitais implantados - TV Corporativa e apps - com sucesso. E, entre um job e outro, a vida flui intensamente em meio a livros, à natureza e aos pets de estimação.
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