Por Cleide Cavalcante

Em uma de nossas reuniões diárias, o time e eu discutíamos sobre o que realmente nos move no dia a dia. A conversa nos levou a um ponto que me fez refletir sobre como a cultura organizacional pode se tornar um problema quando não é bem estruturada. A falta de clareza e os ruídos na comunicação reverberam a partir do topo da pirâmide corporativa; eles causam um efeito dominó, gerando comportamentos desalinhados em todos os níveis.

Esta percepção não é apenas um sentimento. É um risco real para o negócio.

É comum pensarmos na cultura como os valores na parede ou as campanhas de engajamento. Mas ela é mais profunda. Edgar Schein, um dos maiores pesquisadores do tema e professor do MIT, a define em três níveis: os artefatos (o que vemos, como o escritório e vestimentas), os valores expostos (o que a empresa diz que acredita), e os pressupostos básicos (as crenças inconscientes que realmente guiam o comportamento).

O perigo mora quando há uma desconexão entre esses níveis. Uma empresa pode ter “colaboração” como um valor exposto, mas se as metas individuais e a falta de comunicação da liderança incentivam a competição interna, o pressuposto básico que prevalece é o de “cada um por si”.

Os riscos tangíveis de uma estrutura cultural frágil

Quando a liderança falha em comunicar com clareza o “porquê” por trás das direções, a estrutura começa a ruir. Esse processo gera consequências diretas:

Comunicação distorcida e desconfiança: uma diretriz que chega sem contexto claro abre espaço para múltiplas interpretações. As equipes passam a operar com base em suposições. David Logan, em seu livro “O Líder e o Tribo”, explica como a ausência de uma narrativa unificadora e coerente vinda da liderança faz com que as pessoas formem “tribos” com suas próprias verdades, gerando desconfiança e minando a colaboração entre áreas.

Aumento de comportamentos improdutivos: sem um norte claro, a energia das pessoas se volta para a sobrevivência corporativa, não para a inovação ou produtividade. O relatório “State of the Global Workplace 2023” da Gallup é um alerta: ele aponta que o estresse dos trabalhadores no mundo permanece em níveis recordes. A pesquisa consistentemente demonstra que a principal fonte de estresse e desengajamento está ligada à gestão direta e à falta de clareza sobre o que se espera dos colaboradores.

Queda no engajamento e aumento da rotatividade: ninguém gosta de trabalhar no escuro. Colaboradores que não se sentem conectados ao propósito da empresa ou que percebem uma incoerência entre o discurso e a prática da liderança se desmotivam. Não é por acaso que uma pesquisa da Glassdoor de 2019 revelou que 77% dos profissionais avaliam a cultura de uma empresa antes de se candidatarem a uma vaga, e 56% consideram a cultura mais importante que o salário para a satisfação no trabalho. Uma cultura com ruídos não atrai nem retém os melhores talentos.

Construindo uma cultura de forma intencional

A discussão com meu time reforçou que a solução não está em ter mais regras, mas sim em ser mais intencional na construção da cultura. Isso exige um esforço consciente da liderança para:

Comunicar com propósito: não basta dizer “o que” fazer, mas sim explicar “por que” estamos fazendo. Uma comunicação transparente sobre as decisões, os desafios e as vitórias conecta as pessoas à estratégia geral.

Liderar pelo exemplo: as palavras da liderança precisam ser validadas por suas ações. Se o discurso é sobre inovação, mas os líderes punem o erro, a mensagem real que fica é “não arrisque”.

Criar canais de feedback: a comunicação não pode ser uma via de mão única. É preciso criar espaços seguros para que a informação flua de baixo para cima, permitindo que os ruídos sejam identificados e corrigidos rapidamente.

Fortalecer as conexões: promover iniciativas que reforcem os laços e o sentimento de time ajuda a criar a “narrativa tribal” positiva que Logan menciona, onde as pessoas se sentem parte de algo maior.

No final das contas, a cultura não é um elemento “soft” da gestão. Ela é o sistema operacional da empresa. Ignorar os ruídos e a falta de alinhamento é permitir que um vírus se espalhe, comprometendo o desempenho e o bem-estar de todos. Cuidar da nossa cultura é, portanto, uma das atividades mais importantes para garantir um crescimento saudável e sustentável.

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Escrito por Cleide Cavalcante

Gerente de Comunicação e TV Corporativa, há 16 anos mudou o rumo da carreira para trabalhar com o que mais gosta: tecnologia, inovação e comunicação interna. Ao longo deste tempo, foram mais de 350 canais digitais implantados - TV Corporativa e apps - com sucesso. E, entre um job e outro, a vida flui intensamente em meio a livros, à natureza e aos pets de estimação.
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