Por Cleide Cavalcante

O ambiente de trabalho contemporâneo é bem singular, pois abraça simultaneamente até cinco gerações distintas, cada uma com vivências, expectativas e formas de comunicação singulares. Gerir essa diversidade vai além da administração de recursos; exige um entendimento profundo e muita inteligência afetiva, para que se possa construir pontes de compreensão mútua.

É nesse cenário que a intergeracionalidade, nutrida por uma genuína conexão emocional, revela-se como a base para equipes verdadeiramente integradas, colaborativas e, consequentemente, mais produtivas e inovadoras. Para aprofundar esta temática, Cristiane Santos, Head de Gente e Gestão da Studio Z, e Mauro Wainstock, palestrante, consultor e uma voz inspiradora no LinkedIn em diversidade e inclusão, compartilham suas valiosas perspectivas e experiências.

O cenário profissional atual é marcado por peculiaridades como a consolidação de modelos de trabalho híbridos, além da convivência de múltiplas gerações. Mauro Wainstock destaca a presença de “cinco gerações hoje, desde o jovem aprendiz até o profissional que tem mais de 60 anos“.

Essa realidade é vivenciada intensamente na Studio Z, por exemplo, que, conforme relata Cristiane Santos, possui 2.300 colaboradores, “desde o aprendiz e estagiário até os 60 mais“. Ela descreve essa convivência como “um desafio riquíssimo, na verdade, no dia a dia, para a entrega de resultados, que faz bastante diferença”.

A cultura organizacional da Studio Z, originada em uma história inspiradora, serve como pano de fundo para muitas dessas dinâmicas.

Cristiane afirma com entusiasmo a fundação da empresa por Walma Zanatta, “uma mulher visionária, muito inspiradora“, que iniciou vendendo calçados de porta em porta em uma Brasília amarela, hoje um símbolo cultural da empresa. “A Studio Z, na verdade, vem de uma história incrível.

E ela, dona Walma Zanatta, é uma inspiração até hoje para todos nós”, destaca. Com 100 lojas e um plano de expansão arrojado, o propósito da empresa é “encantar as pessoas de forma democrática e acessível”, um valor que se busca vivenciar de dentro para fora. A icônica Brasília amarela, embora não exista mais fisicamente, permanece como uma figura super importante da cultura da empresa.

Não é só sobre o passado, é sobre o futuro também?”, salienta Cristiane. A participação ativa dos fundadores em discussões sobre cultura e estratégia é vista como uma fonte essencial de inspiração e orientação.

Mauro Wainstock conecta essa paixão pela empresa à força de sua cultura. Para ele, a cultura organizacional transcende a mera declaração de missão e valores; trata-se de

levar o conceito da empresa para dentro da mente e do coração dos colaboradores“.

Esse alinhamento, segundo Wainstock, é o motor do engajamento, da produtividade e, em última instância, da lucratividade.

Um dos grandes desafios, dentro disto, é o desengajamento, que, segundo Wainstock, representa uma perda global de “quase 9 trilhões de dólares“. O Brasil, lamentavelmente, “é o líder, o recordista mundial de turnover no mundo“, um fenômeno que drena recursos e mina a estabilidade das equipes e a força da marca empregadora.

Para combater esse quadro, a individualização do tratamento ao colaborador é essencial. “É muito importante a gente tratar as pessoas como indivíduos únicos”, defende Cristiane. Ela ressalta a ineficácia de abordagens padronizadas diante da diversidade geracional e cita a prática de one-on-ones como ferramenta para entender as necessidades e aspirações de cada colaborador.

Mauro Wainstock concorda, propondo que se olhe para além dos rótulos geracionais: “Vamos falar de pessoas. Cada pessoa é uma pessoa diferente. Importante, então, cada vez mais, abraçar a pluralidade e a diversidade”. Ele argumenta que a idade não define o profissional nem seu potencial. Destaque que podemos ter seniores com alta afinidade tecnológica e jovens com diferentes níveis de engajamento.

Neste contexto de troca de conhecimento, a mentoria surge como uma ferramenta poderosa. A prática da mentoria onde o conhecimento flui em ambas as direções – do mais experiente para o mais novo e vice-versa – é uma estratégia valiosa. Wainstock sugere a nomenclatura “mentoria bilateral ou mentoria cruzada”, pois “os dois lados aprendem com estas oportunidades”.

Um dos pontos nevrálgicos para as empresas, segundo Wainstock, é a “comunicação intergeracional”. Em suas consultorias, o consultor envolve a criação de grupos mais diversos possível de idade. “Trago pessoas de todo o perfil de diversidade, para debaterem determinados aspectos e desafios trazidos pela própria empresa“, explica. “Isso gera um leque de soluções e empodera os participantes de maneira ímpar.”

COMUNICAÇÃO INTEGRATIVA

Na Stúdio Z, a comunicação interna é trabalhada com o cuidado de entender os diferentes públicos. Cristiane relata a surpresa positiva ao constatar, em um programa para profissionais 50+, o interesse por formatos modernos como vídeos curtos, desmistificando estereótipos.

“Não é porque a pessoa é 60 mais que ela gosta de anotar tudo num caderno. E não é porque ele é uma geração que está chegando agora que gosta de videozinhos curtos tipo TikTok”

A empresa utiliza múltiplos canais, incluindo TV Corporativa e o aplicativo interno Conecta STZ, sempre com o foco em “não fazer uma comunicação por fazer. Mas, sim, uma comunicação, de fato, que gere resultado e que a gente consiga se conectar com as pessoas“. Rodadas de conversa e pesquisas de NPS são essenciais para este alinhamento, permitindo que as sugestões dos colaboradores moldem as estratégias.

Wainstock endossa esta prática de escuta ativa, mencionando também o potencial de “comunidades que são redes sociais, mas internas dentro da empresa” e da “gamificação” para engajar e transmitir conteúdo de forma inovadora e eficaz.

A inteligência afetiva e uma comunicação genuinamente humanizada permeiam toda essa discussão.

“A gente tem que estar junto de maneira realista e genuína com aquele colaborador”, afirma Wainstock, destacando que, por vezes, “

um abraço, uma palavra de incentivo, vale muito para a produtividade“. O papel da liderança é central neste processo, devendo o líder ser capaz de perceber as nuances individuais e promover um ambiente de confiança. Cristiane reforça que a comunicação eficaz e humanizada deve ser exemplar, partindo do topo.

“Na Studio Z, a gente tem vários momentos em que o nosso CEO fala direto com os colaboradores. E E isso é muito poderoso, porque um gerente de loja, vendo o CEO fazendo isso, começa a se inspirar”.

PONTES DE COMUNICAÇÃO

A liderança inspiradora e acessível é, portanto, fundamental. Wainstock aponta que um comportamento inadequado da chefia é a principal causa de evasão de talentos, e que a disponibilidade do líder para ouvir constrói confiança e serve de modelo.

Esta escuta ativa gera um impacto profundo, como reflete a experiência de profissionais que se sentem valorizados não apenas pelo resultado do trabalho, mas por terem um líder que os ouve, o que, segundo Mauro, está ligado ao autoconhecimento e à autoestima.

A importância da escuta se estende aos pares. Cristiane descreve o programa “Embaixadores da Cultura” da Studio Z, onde colaboradores sem cargo de liderança atuam como pontes de comunicação.

“A ideia é bem essa, que eu fale de igual para igual com o meu colega de trabalho que está ali no dia a dia, das dificuldades que eu tenho, das ideias que eu tenho”.

Essas interações permitem que informações e sugestões cheguem de forma mais natural e sem filtros à gestão. Wainstock elogia tais iniciativas, pois elas empoderam os colaboradores:

“Isso torna o colaborador muito mais poderoso internamente, falando da autoestima dele. E isso se traduz exatamente no envolvimento, no engajamento com a própria empresa.”.

Um desafio comum é como equilibrar a inteligência afetiva ao lidar com profissionais que têm dificuldade em expressar emoções e outros mais espontâneos. Para Cristiane Santos, a chave está na “troca” e em criar canais para que mesmo o colaborador mais reservado, que “dificilmente ele vai chegar para o líder e vai falar algo que está incomodando”, possa se expressar através de um colega.

Wainstock adiciona a necessidade de “desbloquear” gradualmente a confiança desses colaboradores, citando a cultura de startups israelenses onde “o estagiário se olha pelo mesmo piso” e tem a “obrigação de falar” se tiver uma ideia construtiva.

Entre os erros comuns das empresas ao abordar a diversidade geracional sem o devido foco emocional, Cristiane aponta o “não ouvir“. Wainstock complementa com a crítica aos “achismos“, defendendo que as decisões, inclusive sobre benefícios, devem ser baseadas em pesquisa e escuta real das necessidades dos colaboradores, como flexibilizar planos de saúde para incluir os pais, e não apenas os filhos.

Além da mentoria cruzada, outras soluções podem enriquecer a coexistência de múltiplas gerações. Wainstock sugere o “estímulo do grupo”, onde equipes diversas e empoderadas resolvem desafios, promovendo o “intra-empreendedorismo”. Ele ressalta que “ninguém melhor do que os próprios colaboradores para trazer as soluções”. Cristiane ilustra esta perspectiva com o programa “Você na Loja”, onde colaboradores do escritório vivenciam a rotina das lojas.

“É uma experiência tão rica que ele volta para o escritório pensando, o que eu posso fazer de diferente para melhorar o dia a dia do colaborador da loja?”. Esta imersão prática, similar ao “job rotation”, permite “calçar o sapato do outro”. Wainstock denomina essa capacidade de circular e aprender em diferentes contextos como “nexialismo”, uma postura “extremamente relevante” para a riqueza do ambiente corporativo.

Por fim, Wainstock oferece uma reflexão para a gestão de pessoas, independentemente de perfis geracionais:

“É sobre legado. Na realidade, o legado não é aquilo que a gente deixa para as pessoas, é o que a gente deixa nas pessoas. Está muito atrelado não ao aspecto financeiro, a um abraço, a uma palavra, ao carinho naquele momento em que aquele cobrador ou aquela pessoa tanto precisava”. Cristiane Santos concorda, arrematando: “Sim. É a marca que deixamos no outro.”.

Em resumo, a intergeracionalidade, quando gerida com inteligência afetiva, escuta ativa e um compromisso genuíno com o bem-estar e o desenvolvimento individual, transforma desafios em oportunidades, construindo e mantendo equipes não apenas produtivas, mas profundamente humanas, conectadas e felizes.

Não esqueça de compartilhar nas redes sociais nos marcando com as ações realizadas aí na sua empresa e nos acompanhe no InstagramLinkedIn ou Telegram! 

E se você busca uma Plataforma Multicanal de Comunicação Interna Completa para potencializar as suas campanhas, deixo aqui o convite para você conhecer a solução Progic e conversar com nossos especialistas.

Informação: Ainda é poder? – por Fábio Di Renzo
Endomarketing.tv Favicon

Conheça a Progic

TV Corporativa Progic - Visite nosso site

Materiais Gratuitos

Kits de Endomarketing - Download Gratuito
Ebooks - Download Gratuito
Ferramentas - Download Gratuito

Em Destaque

Calendário de CI 2024
Ebook - 99 Ideias de Conteúdos para a TV Corporativa

Receba as novidades

Inscreva-se em nossa Newsletter

Tudo Sobre:

Ouça o Progicast

Progicast

Nos Acompanhe

Telegram

Escrito por Cleide Cavalcante

Gerente de Comunicação e TV Corporativa, há 16 anos mudou o rumo da carreira para trabalhar com o que mais gosta: tecnologia, inovação e comunicação interna. Ao longo deste tempo, foram mais de 350 canais digitais implantados - TV Corporativa e apps - com sucesso. E, entre um job e outro, a vida flui intensamente em meio a livros, à natureza e aos pets de estimação.
5 1 Votar
Gostou deste artigo?
Inscreva-se
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários