Por Autor Convidado
Esses dias vivi uma experiência especial com meu filho: fomos juntos assistir a uma partida de futebol em uma dessas arenas modernas. Era a primeira vez dele num estádio. Como pai, claro que foi emocionante. Mas como profissional de comunicação, foi inevitável observar um fenômeno que hoje já é quase regra: antes, durante e depois do jogo, havia uma multidão de celulares no ar, pessoas tirando fotos, mandando mensagens, fazendo vídeos, postando, comentando.
Alguém poderia julgar: “Mas a pessoa não está vendo o jogo, está vendo a tela”. Porém, me parece mais interessante olhar por outro ângulo: as pessoas estão interagindo. Estão assistindo ao vivo, sim, mas ao mesmo tempo estão compartilhando suas opiniões, seus sentimentos, seus registros com outras pessoas. Comentam o lance, criticam ou elogiam um jogador, trocam ideias com quem está em casa. E isso tem tudo a ver com comunicação.
Esse comportamento diz muito sobre o nosso tempo. Mais do que consumir conteúdo, as pessoas querem interagir com ele. Querem ser ouvidas, reconhecidas, valorizadas. Esse é um ponto-chave para entendermos a transformação pela qual passa a comunicação, inclusive dentro das empresas.
O fim da comunicação unilateral
Durante muito tempo, a Comunicação Interna se baseou em meios unilaterais: quadros de aviso, e-mails, vídeos institucionais. O colaborador era um receptor passivo. Mas a realidade mudou. E, muitas vezes, quando a comunicação interna continua presa a esse modelo, o que se cria é o vazio, que rapidamente é preenchido pela famosa rádio peão.
O desafio hoje é outro: como transformar a Comunicação Interna num espaço de troca verdadeira? Como criar fóruns de discussão, grupos de trabalho, reuniões com escuta ativa, canais abertos para opiniões? Mais do que distribuir comunicados, a comunicação precisa gerar conversas. Precisa fomentar o diálogo.
Comunicação como curadora de experiências
Costumo dizer que a comunicação do presente (e do futuro) é uma curadora. Não é só quem escreve ou publica. É quem observa os comportamentos, quem percebe o clima, quem conecta os pontos e traduz isso em ações, em espaços de fala, em pertencimento.
Comunicação que só envia e-mail não engaja. Agora, uma comunicação que entende seu contexto, que percebe a cultura, os sinais do ambiente, e atua de forma estratégica para conectar pessoas e fortalecer vínculos — essa sim faz diferença.
O comportamento que mudou tudo: a interação
A grande mudança da comunicação nos últimos anos não foi uma nova ferramenta, um novo canal ou uma nova plataforma. Foi um novo comportamento. O comportamento da interação.
Hoje, as pessoas querem participar. Querem influenciar. Querem ter voz. Seja no estádio, seja no ambiente de trabalho, seja na rede social. E aí entra a reflexão que sempre levo para minhas aulas e consultorias:
O quanto, de verdade, estamos abertos para ouvir?
Criar um canal não é suficiente. O que importa é como esse canal é utilizado. É muito comum ouvir empresas querendo implantar redes sociais internas, mas impondo regras como: “Podemos aprovar os posts antes?”, “Vamos deletar o que não gostarmos”, “Precisamos monitorar tudo o que é dito”. A partir desse momento, já não estamos mais falando de comunicação, mas de controle. E isso mina qualquer possibilidade de troca genuína.
Conclusão: criar espaços legítimos de fala
Claro que existirão desvios. Sempre há. Mas isso não pode ser argumento para frear a interação. Pelo contrário: precisamos tratar os desvios de maneira pontual, e não criar regras que silenciem todos. Comunicação só faz sentido se for um processo de duas vias. E esse processo exige maturidade, de quem comunica e de quem interage.
Portanto, minha provocação é:
A sua empresa está, de fato, criando espaços de escuta? Ou continua apenas disparando mensagens esperando aplausos?
O presente e o futuro da comunicação passa pela interação. E quem entender isso primeiro terá uma grande vantagem em atrair, engajar e valorizar pessoas.
Interação é a alma da comunicação nos tempos de hoje – sem ela, tudo vira ruído.
Boas reflexões
Fábio Di Renzo é publicitário, especialista em Gestão de Pessoas, Marketing e Comunicação Empresarial. Com mais de 25 anos de experiência em multinacionais, atua em Comunicação Interna, Endomarketing e Eventos. Fundador da Novembro 4, é professor na ABERJE, palestrante e colunista do O ABC da Comunicação.
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