Por Cleide Cavalcante

No nosso mais recente evento “Humanização & Inovação – Transformando a Comunicação Interna“, que a Progic promoveu em parceria com a Powtoon, convidamos especialistas para compartilhar suas experiências com processos humanizados de comunicação num cenário cada vez mais tecnológico.

Karen Almeida, Fabíola Duarte, João Marcelo Furlan e Renato Fontana Capalbo compartilharam cases e insights valiosos aplicados e experienciados em suas respectivas empresas.

Foram brilhantes! Tanto que, a partir daí, saí com muitas provocações mentais em pauta sobre o futuro: como serão estabelecidas, por exemplo, as relações human to human, de forma realmente genuína e adequada ao mundo corporativo? E a nova geração de profissionais, que começa a ser moldada pelos nativos digitais? Que mundo será esse e qual o nosso papel hoje neste movimento?

No painel que eu moderei, foi destacada pelas colegas a importância de personalizar a comunicação interna, colocando o foco no humano. Karen Almeida, do Bradesco Seguros, apresentou abordagens inovadoras que utilizam narrativas visuais e interativas para criar uma comunicação mais empática e envolvente.

Fabíola Duarte, da Diageo, enfatizou a importância de ouvir ativamente os colaboradores e integrar suas opiniões nas estratégias de comunicação, promovendo um ambiente de trabalho onde a comunicação é um diálogo contínuo.

João Marcelo Furlan trouxe uma perspectiva tecnológica ao evento, discutindo como a inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa na personalização da comunicação interna. Ele apresentou exemplos de como a Huboo.ai está ajudando empresas a otimizar suas estratégias de comunicação através de soluções baseadas em IA.

Renato Fontana Capalbo destacou o papel das ferramentas visuais na comunicação moderna, explicando como a Powtoon capacita empresas a criar conteúdos visuais impactantes que não apenas informam, mas também inspiram e motivam os colaboradores.

Olhando em perspectiva para o futuro da comunicação, percebo que estamos diante de um cenário onde a tecnologia está destinada a assumir papéis que ainda hoje mal podemos imaginar.

Como bem destacou o futurólogo Gerd Leonhard, “a tecnologia não é o que buscamos, mas sim o que nos ajuda a alcançar o que realmente desejamos“. No entanto, essa evolução tecnológica traz consigo um desafio profundo: como manter a essência dos relacionamentos humanos em um mundo onde as interações são cada vez mais breves, dinâmicas e distantes?

Sherry Turkle, em seu livro “Alone Together”, argumenta que, embora a tecnologia nos conecte, ela também pode nos isolar. Ela destaca que “estamos cada vez mais conectados, mas menos presentes uns para os outros“.

Isso me leva a refletir sobre a dicotomia do momento: como ensinar as máquinas a serem mais humanas, enquanto nós, humanos, precisamos reaprender a nos relacionar de maneira significativa? Yuval Noah Harari, em “21 Lições para o Século 21”, nos alerta sobre a importância de desenvolver habilidades emocionais e sociais em um mundo dominado pela inteligência artificial.

Ele afirma que a inteligência emocional será uma das habilidades mais valiosas no futuro, e já falamos sobre isso anteriormente. Isso me faz pensar que o verdadeiro desafio para a humanidade é mesmo encontrar um equilíbrio entre a eficiência tecnológica e a necessidade humana de conexões autênticas.

No contexto de um futuro cada vez mais tecnológico, pensar na formação de profissionais se torna um elemento importantíssimo para garantir que as empresas e a sociedade estejam preparadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem.

A educação precisa evoluir para incluir não apenas habilidades técnicas, mas também competências emocionais e sociais que são essenciais em um ambiente de trabalho em constante mudança. Como salientado por Salman Khan, fundador da Khan Academy, em seu TED Talk, “a educação deve ser uma ferramenta para capacitar as pessoas a se adaptarem e prosperarem em um mundo em transformação”.

Isso significa que as instituições de ensino e as empresas devem colaborar para criar programas de treinamento que integrem tecnologia e humanização e inovação na comunicação interna, preparando os profissionais para lidar com a complexidade das interações humano-máquina.

CONTEXTO GERACIONAL – Além disso, a transição de gerações no ambiente de trabalho apresenta um desafio adicional. Com a entrada da Geração Z no mercado, as empresas precisam se adaptar a uma força de trabalho que valoriza a flexibilidade, a diversidade e a inovação.

Simon Sinek, em suas palestras, frequentemente destaca a importância de entender as motivações e expectativas das novas gerações para criar ambientes de trabalho que promovam a colaboração intergeracional. O que envolve não apenas a adoção de novas tecnologias, mas também a criação de uma cultura organizacional que valorize a troca de conhecimentos entre diferentes gerações.

Ao integrar as perspectivas únicas de cada geração, as empresas podem estimular um ambiente de aprendizado contínuo e inovação, essencial para prosperar em um futuro tecnológico.

E, para entender este novo desafio, precisamos olhar para a forma como a tecnologia está moldando nossas interações. Marshall McLuhan disse que “nós moldamos nossas ferramentas, e então nossas ferramentas nos moldam”. Essa afirmação nunca foi tão verdadeira. As plataformas digitais, as redes sociais e as ferramentas de comunicação instantânea estão redefinindo o que significa estar conectado.

No entanto, a conexão superficial não substitui a interação significativa. Para navegar nesse novo cenário, acredito que precisamos promover a empatia digital, desenvolver tecnologias que incentivem a compreensão humana, revalorizar o tempo de qualidade e criar espaços onde a interação humana seja priorizada, mesmo em ambientes digitais. Além disso, é essencial educar para a conexão, ensinando habilidades de comunicação e relacionamento desde cedo.

O futuro da comunicação está repleto de desafios e oportunidades. Enquanto a tecnologia continua a evoluir, acredito que nosso foco deve ser em como podemos usar essas ferramentas para enriquecer, e não substituir, os relacionamentos humanos. E aqui estou falando da relação ‘Human to Human’ (H2H) de verdade, que preza a conexão genuína e autêntica entre pessoas, independentemente do contexto em que essa interação ocorre.

Diferente dos modelos tradicionais de comunicação, como Business to Business (B2B) ou Business to Consumer (B2C), que focam nas transações comerciais e nos papéis institucionais, o H2H coloca o ser humano no centro das interações, reconhecendo que, no final das contas, todas as comunicações e transações envolvem pessoas. E essa percepção deve ser cada vez mais reforçada em tempos de IA.

Ou seja, importante não esquecer da empatia, da personalização e da autenticidade nas interações. Numa sociedade cada vez mais digital e automatizada, onde as interações são frequentemente mediadas por tecnologia, o conceito de H2H lembra as empresas e indivíduos da importância de manter a humanidade nas comunicações. Significa ouvir ativamente, responder de forma personalizada e construir relacionamentos baseados na confiança e no respeito mútuo.

HUMAN TO HUMAN – Como mencionado por Bryan Kramer, autor do livro “There is No B2B or B2C: It’s Human to Human #H2H”, “as pessoas querem se conectar com outras pessoas, não com marcas ou empresas”. Essa filosofia incentiva as organizações a serem mais transparentes, acessíveis e humanas em suas interações, promovendo um ambiente onde as relações são valorizadas acima das transações. Precisamos ter isto em pauta. Sempre.

E, falando em organizações, ontem (21/10) o Bill Gates, cofundador da Microsoft, defendeu que as “profissões insubstituíveis”, em meio a propagação tecnológica e o impacto da IA no mercado de trabalho, são nas áreas de: Energia Alternativa, Biociências da Saúde, Desenvolvimento de IA.

Segundo Gates, a preocupação das pessoas devem girar em torno do desenvolvimento de habilidades cognitivas, como o pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade. E, ainda, habilidades interpessoais, como a comunicação eficaz, empatia e trabalho em equipe. Justamente sobre o que falamos neste artigo!

Então, para começar o exercício, pergunto: como estão suas relações hoje? Qual foi a última vez que você tomou um cafezinho com o colega de trabalho?

Bora tomar um café?

Espero que tenha gostado deste artigo.

E até a próxima 🙂

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Escrito por Cleide Cavalcante

Gerente de Comunicação e TV Corporativa, há 16 anos mudou o rumo da carreira para trabalhar com o que mais gosta: tecnologia, inovação e comunicação interna. Ao longo deste tempo, foram mais de 350 canais digitais implantados - TV Corporativa e apps - com sucesso. E, entre um job e outro, a vida flui intensamente em meio a livros, à natureza e aos pets de estimação.
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