Por Higor Lima
Por muito tempo o conceito dominante em relação à satisfação no trabalho era provindo da ideia de estabilidade do emprego, zelando-se por uma relação duradoura com a empresa, o que reflete diretamente na experiência do colaborador.
Mas com as mudanças comportamentais das novas gerações, principalmente os Millennials e a geração Z, atualmente encontramos um novo cenário do mercado de trabalho, marcado principalmente pela velocidade da ascensão profissional, a contribuição da tecnologia nos processos e a busca pelo match entre os propósitos da empresa com os propósitos do colaborador.
O que quero dizer com isso é que, se há pouco tempo, quando perguntávamos por que uma pessoa escolheu trabalhar em determinada empresa, a resposta era:
– Porque quero criar laços em um único lugar e ter uma estabilidade profissional;
Hoje, temos uma variada gama de respostas que vão além de relacionamentos duradouros. Os mais jovens, muitas vezes, priorizam crescer como pessoas, fazer a diferença no mundo e obter mais recompensas experimentais do que materiais, por exemplo.
E é aí que entra o grande desafio das organizações: atrair e reter profissionais tão qualificados a ponto deles escolherem trabalhar ali – e não mais o contrário.
Focada em apresentar essa nova perspectiva de mercado, a autora, diretora da agência HappyHouse e uma das pioneiras dos estudos sobre Endomarketing no Brasil, Analisa de Medeiros Brum lança seu novo livro, intitulado “A Experiência do Colaborador – Da atração à retenção: como o Endomarketing pode tornar única cada etapa da Jornada do Colaborador”.
Não posso negar que, como profissional que teve sua formação baseada em toda a contribuição da Analisa para a área de Comunicação Corporativa, fiquei muito lisonjeado de receber sua obra em primeira mão.
O livro de 250 páginas tem uma leitura muito leve e dinâmica. Isso porque a obra é baseada não apenas na formação acadêmica de Analisa, mas também em toda a sua bagagem de experiências, adquiridas ao longo dos seus 30 anos de atuação no mercado – onde 21 são a frente da gestão da HappyHouse, uma agência totalmente focada na comunicação das empresas com seus empregados.
Claro que não pretendo entregar o ouro e contar tudo sobre o livro, mas também não posso deixar de compartilhar algumas reflexões que tive lendo a obra, que pode ser adquirida pela Editora Integrare, e contou com a colaboração de Angélica Madalosso, coordenadora de Employer Branding na HappyHouse.
Boa leitura!
Responsabilidade Social Is The New Black
“Pelo relatório MarketData Geometry Global de 2019, 38% dos millenials valorizam a qualidade de vida, 24% querem construir uma carreira, 19% anseiam contribuir com a humanidade e apenas 19% estão focados em ganhar dinheiro.”
Extraído do livro, o trecho acima é a prova real de que o dinheiro não é tudo – apesar de ter seu peso de decisão na busca por um novo emprego.
A mudança dos últimos anos em relação ao trabalho, demonstra que as novas gerações possuem preocupações que vão além do salário e estão baseadas no impacto na comunidade em que os trabalhadores vivem.
Se alguns temas, como sustentabilidade, responsabilidade social, inclusão etc., eram vistos como diferenciais competitivos, hoje estes fatores são princípios básicos para que se tornem lugares cobiçados pelos profissionais.
Não tirando os méritos e relevância da missão, visão e valores (até porque às vezes a missão e o propósito corporativo são os mesmos), mas enxergo o propósito como o protagonista do momento, em uma fusão de funções capazes de atrair interesses internos e trabalhar o posicionamento da marca para o externo.
“[…] é cada vez mais alta a rotatividade de empregados jovens por causa da insatisfação com a falta de propósito das empresas. E, quando abordamos propósitos, não podemos deixar de levar em consideração que, aos poucos, as pessoas foram deixando de comprar “o quê” a empresa faz e passando a levam em consideração o “por quê” a empresa faz.” Analisa de Medeiros Brum.
No ano de 2020 pude acompanhar de perto o surgimento desses novos modelos de negócio, através das entrevistas que fiz para o Progicast – o podcast sobre comunicação interna da Progic.
A Dobra, por exemplo, é uma empresa gaúcha que tem como carro chefe produtos feitos de um material que lembra muito papel, mas atrelado a isso, o grande diferencial de mercado para atrair clientes e colaboradores está nos projetos sociais que causam impactos positivos na comunidade local.
Parceria com o sistema penitenciário para confecção de produtos, programas de empregabilidade para a comunidade local, campanhas de arrecadação de dinheiro para projetos sociais são algumas das atitudes da Dobra que traduzem o seu propósito: deixar o mundo um lugar mais aberto, irreverente e do bem.
Outras entrevistas que norteiam essa conclusão de responsabilidade social são sobre a Chico Rei, empresa mineira do setor de vestuário, que tem como propósito confeccionar “camisetas que mudam o mundo”; e também o bate papo com Ricardo Sales da Mais Diversidade, que analisou a repercussão dos processos seletivos exclusivos para talentos negros da Magazine Luiza e Bayer.
E se você recebe nossas newsletters, ou é cliente da Progic, sabe da importância que damos para o nosso propósito, sintetizado pelo slogan “Let Them Know”. Conhecer nosso propósito e estar alinhado a ele, guia todas nossas ações, desde os grandes projetos até as pequenas decisões do dia a dia.
Os episódios do Progicast estão disponíveis em todas as plataformas de streaming e também no blog Endomarketing.tv.
It’s a Match! – Relacionamento entre Empresa e Funcionário
Segundo pesquisa feita pela Deloitte, quem trabalha com paixão exibe três comportamentos: desejo de causar impacto no mercado que atua, busca desafios para melhorar seu desempenho e luta para construir relacionamentos.
E a pergunta que fica é: mas como?
As respostas ficam bem mais claras na análise feita no nono livro da Analisa, que encontra as soluções no verdadeiro endomarketing e em seu “conjunto de esforços de informação e integração, reais ou digitais, capazes de alinhar o pensamento e o comportamento dos colaboradores à estratégia da empresa”.
No quinto capítulo do livro, a autora narra o endomarketing em cada uma das etapas dessa jornada de relacionamento. Fracionadas em seis partes, são elas: atração, recrutamento e seleção, contratação, integração, retenção, desligamento.
Costumo enxergar essa relação entre empresa x funcionário como um casamento. Porque, a paixão não é algo que compramos ou impomos, ela é um sentimento conquistado, assim como o engajamento e satisfação com o trabalho.
Atração
Para a atração de bons profissionais, por exemplo, é preciso que haja a paquera entre ambos, antes mesmo de abrir alguma vaga.
Aqui estou falando da forma com que os valores são construídos e mostrados para o público externo, o impacto do serviço/produto na comunidade e a transparência de informações em relação ao que se fala e faz.
“Empresas que possuem uma estratégia de Branding consolidada já saem na frente em nível de Employer Branding.”
Recrutamento e Seleção
Coração acelerado, mãos trêmulas, ansiedade e nervosismo podem até ser características de quem está prestes a dar o primeiro beijo, mas também são sensações sentidas por quem está em uma entrevista de emprego.
É importante que o primeiro contato entre futuro funcionário e empresa seja pensado com carinho. As primeiras impressões são as que ficam, portanto, ao receber um candidato para as vagas em aberto, estruture bem a entrevista, fale sobre a oportunidade, apresente a empresa e, por favor, não esqueça do feedback ao final do processo. Depois do primeiro encontro, é horrível e frustrante não receber uma ligação no dia seguinte! (rs)
“Dentro da “história de amor” da empresa com o profissional, o momento de recrutamento e seleção é de aproximação e conquista.”
Contratação
Ao contratar um funcionário, é imprescindível que a empolgação da primeira semana permaneça por toda sua jornada, que está apenas começando na empresa.
“Conquistar um novo emprego traz um sentimento de empolgação. O candidato – agora empregado – sente-se apreciado, digno de confiança e vislumbra novas oportunidades, ou seja, é o início de uma nova etapa de vida.”
Integração
“A etapa de integração ou onboarding, como é chamada pelo mercado neste momento, resume-se ao período no qual a pessoa vive o seu primeiro dia/ semana/ mês como colaborador de uma empresa. […] Compreender e planejar corretamente essa jornada é um excelente caminho obter ROI (Retorno Sobre Investimento) positivo no âmbito das novas contratações.”
Retenção
É muito comum em qualquer relacionamento que as coisas se tornem monótonas. O que era novidade se torna rotineiro, as qualidades que antes empolgavam agora já não surpreendem mais.
E esse comportamento é comum, mas as empresas precisam ter em mente de que o brilho no olhar do colaborador em fazer seu serviço precisa ser diário.
Mas como manter acesa essa “chama da paixão” do funcionário de 5, 10, 20 ou até mesmo mais anos de empresa? Entre tantos elementos, um super especial: o endomarketing!
“É pertinente pensar o ambiente de trabalho como um grande responsável pelo significado e pela felicidade dos profissionais. […] Acredito na retenção como consequência da felicidade”.
Desligamento
A vida é um ciclo, e não podemos negar que o “pra sempre” também acaba (parafraseando o clássico do Legião Urbana).
Quando um colaborador deixa a empresa, seja por quaisquer razões é importante que o fim dessa troca de serviços seja amigável.
Um desligamento conturbado afeta não só as partes envolvidas, como também as pessoas que têm proximidade e afeto pela pessoa que está deixando o emprego.
“A verdade é que, mesmo nesse momento difícil tanto para a empresa quanto para o colaborador, o Endomarketing pode fazer uma enorme diferença, já que existem instrumentos e ações a serem empregados para mostrar o quanto a empresa respeita a pessoa que está sendo desligada ou que está se desligando.”
E o Novo Normal?
Claro que, diante do cenário que vivemos em 2020, o livro não deixaria de abordar em relação às adaptações nas empresas por conta do Covid-19.
Mas uma coisa que não posso deixar de mencionar é que agora, mas do que nunca, o endomarketing e a comunicação interna são percebidas por muitas empresas como estratégias fundamentais nas organizações.
Ela se faz presente não só em momentos de emitir informes da alta cúpula ou divulgar notas do RH. Ela faz parte de um processo muito mais estratégico para fazer o colaborador vivenciar o propósito corporativo.
“Penso que “gerar sentimentos positivos no público interno” resuma os muitos desafios do Endomarketing. Independentemente de qual seja a iniciativa da empresa nesse sentimento, ela só será efetiva se for capaz de provocar uma reação favorável por parte das pessoas. Caso contrário, a ação será criada ou, na melhor das hipóteses, não valorizada, caindo no esquecimento.” Analisa de Medeiros Brum.
Serviço
Número de Páginas: 252
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