Por Igor Gavazzi Vazzoler
Se você acha que TV aberta é apenas mais um canal de venda de publicidade, uma simples concorrente do rádio, das revistas, jornais, outdoors, pense melhor.
A capacidade de difundir mensagens para milhões de pessoas utilizando uma linguagem compreendida de forma universal – imagens em movimento – tornou a televisão uma ferramenta estratégica para qualquer país.
Através da TV é possível promover a unidade nacional e o patriotismo, reforçar aspectos culturais, ditar a moral e os costumes, influenciar o otimismo em relação ao futuro, entre outras coisas. Tudo isso influencia muito o comportamento das pessoas.
Uma seleção de bons números apresentados no telejornal pode estimular o empresário a investir – gerando empregos – e o consumidor (confiante na manutenção de seu emprego) a consumir – remunerando os investimentos do empresário e consolidando a geração de riqueza para o país. Apresentar uma seleção de números negativos gera o efeito inverso.
Resumindo, a TV tem o poder de influenciar a cultura de um povo e induzir círculos virtuosos na economia de um país. É bem verdade que as emissoras de TV podem fazer este papel com mais ou menos afinco, dependendo do grau de “proximidade” que possuem com o governo do turno, mas isto seria assunto para algum blog de política. O que importa pra nós é perceber o impacto que esta ferramenta de comunicação extraordinária tem.
Médias e grandes empresas, com centenas ou até milhares de funcionários, podem ter desafios de comunicação com seus funcionários comparáveis aos desafios de um governo em relação ao seu povo. Por isso elas utilizam a TV Corporativa como uma forma de comunicação interna de grande alcance, de forma semelhante a um canal de TV aberta.
Embora os desafios básicos de comunicação de massa sejam facilmente superados desta forma, é muito comum ver projetos de TV Corporativa onde a estratégia se limita a enviar comunicados, reforçar normas da empresa, regras de segurança do trabalho, etc.
Para algumas empresas, esta estratégia para TV Corporativa já é o suficiente para sanar seus requisitos de comunicação interna com seus colaboradores. Porém, utilizando alguns exemplos da “experiente” TV aberta, é possível criar uma estratégia para TV Corporativa muito mais sólida e abrangente, podendo melhorar aspectos essenciais para uma empresa, como a cultura e o clima organizacional.
Dito isso, damos início a uma série de posts que fará um paralelo entre TV aberta e TV corporativa, com o intuito de auxiliar os profissionais de comunicação interna e gestores das empresas a melhorarem a relação com seus colaboradores utilizando esta excelente ferramenta de comunicação.
Estratégia para TV Corporativa baseado na TV aberta
Unidade nacional – Colaboratividade
A unidade nacional de um país é importante. Trata-se, em última instância, de toda a população se aceitar mutuamente como parte de um mesmo grupo, reduzindo conflitos internos entre os diferentes segmentos populacionais e afastando a possibilidade de desintegração do território. As TVs promovem esta aceitação mutua ao expor e valorizar aspectos culturais de cada região para todo o país, através de novelas, reportagens, etc.
No universo corporativo, a unidade nacional pode ser comparada à Colaboratividade. É sempre desejável que as diferentes equipes dentro de uma empresa colaborem umas com as outras. É extremamente improdutivo e caro para a empresa quando se formam grupos e estes grupos passam a se sabotar. No caso das empresas, ações de endomarketing apoiadas em ferramentas de comunicação interna como a TV Corporativa ou Mural Digital ajudam muito a promover a cultura da colaboratividade, conforme alguns exemplos a seguir:
- Apresentando nas telas os resultados bem sucedidos de projetos tocados por diferentes áreas, citando os nomes dos responsáveis;
- Exibindo conteúdos nas telas que mostrem que tipo de trabalho é feito em cada setor e sua importância para a empresa como um todo.
- Promovendo confraternizações e expondo as fotos e histórias das festas nas telas de sua TV Corporativa. Vide exemplo a seguir:
Patriotismo – Pertencimento
Somos muito mais propensos a nos dedicarmos mais para grupos dos quais nos sentimos parte. Você já pensou o que é capaz de fazer pela sua família? Ou mesmo pelo time que você torce? O pertencimento a grupos é tão forte que define a própria identidade do indivíduo. Alguns exemplos: Eu sou um são paulino (time para o qual eu torço); Eu sou brasileiro (país em que nasci).
Isto também deve ser estimulado nas empresas. O colaborador que relaciona o nome da empresa com a sua própria identidade é o colaborador que “torce” por aquele time e que certamente se esforça mais para ajudá-lo a conquistar vitórias. Seguem abaixo algumas dicas de estratégia para TV Corporativa para estimular o sentimento de pertencimento dos colaboradores.
- Programe conteúdos e notícias que exaltem os diferenciais da empresa, por exemplo:
- “Somos a segunda maior fabricante de produtos de higiene e limpeza do país”
- “A XYZ S/A recebeu o prêmio ABC de sustentabilidade”
- Programe conteúdos que destaque os valores da empresa. Se os seus colaboradores foram selecionados levando em conta tais valores, isto os ajudará a se identificar com a empresa. Por exemplo:
Aspectos culturais – Cultura corporativa
A cultura de um povo impacta no desenvolvimento de um país assim como a cultura corporativa de uma empresa impacta em seu crescimento. Peter Drucker, o mago da administração, cunhou a seguinte máxima: “Culture eats strategy for breakfast” ou “A cultura come a estratégia no café da manhã”.
A televisão aberta, porque precisa da atenção e da audiência, procura fazer a população se identificar com seu conteúdo ao refletir sua cultura. Ao fazer isto, naturalmente acaba também ajudando a construí-la, a reforçá-la e a homogeneizá-la. O mesmo pode ser feito em um ambiente corporativo.
Por exemplo, um traço de cultura corporativa muito comum em empresas modernas é a do feedback. Uma empresa que tem em sua cultura a prática de conceder feedback aos seus colaboradores de forma planejada e regular é uma empresa que consegue melhorias incrementais frequentes, o que é de extrema importância para o longo prazo do negócio.
Para firmar cada vez mais este rito cultural na organização, uma mídia sendo exibida 20 vezes por dia nas telas de sua empresa com os seguintes dizeres pode ajudar muito:
Você pode questionar a utilidade de exibir em sua TV Corporativa ou Mural eletrônico esta mensagem: “Dê feedback aos colegas, líderes e liderados. Aceite os feedbacks deles.”. Será que isto faz alguma diferença? Existem 3 respostas para esta pergunta: a primeira é: “Faz”. A segunda é: “Sim”. E a terceira é: “Com certeza”.
Se você quer melhorar a cultura corporativa de sua empresa, aumentar as chances de os colaboradores terem atitudes construtivas, como dar e aceitar feedbacks, e reduzir as chances de terem atitudes não-construtivas, você precisa propagandear isto, precisa dar visibilidade e insistir naquela ideia e é claro, precisa dar o exemplo. As pessoas, conforme vão sendo expostas àquele conceito, vão assimilando-o até o ponto em que suas atitudes passam a ser condizentes com ele.
Outro exemplo é da imagem abaixo:
Este é um dos conteúdos prontos para uso da solução de TV Corporativa da Progic, chamado “Dicas para atender bem os clientes”. Uma das dicas é “Lembre-se, toda empresa só existe porque os clientes existem”.
Esta frase pode parecer senso comum, mas não é. Dentro de uma empresa sempre haverão colaboradores nos mais variados níveis de maturidade pessoal e profissional e, para muitos, a importância deste conceito simplesmente não faz parte da realidade.
Uma frase como esta valoriza e estimula um tipo de pensamento mais pragmático, que torna mais óbvia e natural a atitude de prestar ao cliente um bom atendimento. Ou seja, é uma frase simples mas que com o tempo melhora as atitudes das pessoas e, consequentemente, os resultados do negócio.
Neste primeiro post da série, percebemos o poder que a TV aberta tem sobre alguns aspectos da sociedade, e como podemos utilizar suas estratégias e aplicá-las à TV Corporativa da organização para melhorar a colaboratividade e o sentimento de pertencimento dos colaboradores, assim como a cultura da empresa.
Nos próximos posts desta série “Paralelo entre TV Aberta e TV Corporativa”, abordaremos estratégias de operação e programação, entre outros. Fique ligado e até a próxima!