Por Cleide Cavalcante
Nesta semana, tive a satisfação de contribuir como speaker no 4º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores, uma iniciativa das plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, realizado em São Paulo. Integrei o painel sobre um tema que gosto muito: “A Era das Microculturas: quando cada equipe tem sua própria linguagem – Como manter a coerência sem perder a diversidade interna“.
Ao lado de Célia Regina Pietta (Kellanova Brasil), Stella Huertas (Syngenta) e Renata Nascimento (Volkswagen), pude compartilhar reflexões e ouvir perspectivas valiosas sobre um fenômeno cada vez mais evidente no ambiente corporativo. A discussão centrou-se na forma como as organizações podem gerir a coexistência de múltiplas “microculturas” – aqueles entendimentos, jargões e rituais particulares que emergem naturalmente em diferentes equipes, departamentos ou unidades.

A partir desta pauta no evento e da minha própria vivência profissional, destaco algumas observações relevantes sobre este contexto:
1. O que aprendemos com as microculturas
Observamos que as microculturas oferecem um bom terreno para o aprendizado organizacional. Elas revelam:
- Autenticidade e pertencimento: são frequentemente o espaço onde os colaboradores encontram um sentimento mais genuíno de pertencimento e podem expressar-se com maior autenticidade. Isso demonstra a necessidade humana de identificação em grupos menores, mesmo dentro de uma estrutura maior.
- Dinâmicas reais de trabalho: as microculturas muitas vezes espelham como o trabalho é efetivamente realizado, quais são os fluxos de informação informais e quem são os influenciadores ou detentores de conhecimento prático, para além das estruturas hierárquicas formais.
- Adaptação e inovação: equipes desenvolvem soluções e adaptações específicas para seus desafios cotidianos, podendo ser fontes de inovação que, se observadas, beneficiam a organização como um todo.
- Resiliência em grupo: a coesão interna dessas microculturas pode conferir uma importante capacidade de superação de obstáculos específicos ao grupo, demonstrando a força dos laços interpessoais.
2. Desafios
A gestão da coexistência de microculturas não é isenta de complexidades. Entre os desafios, destacam-se:
- Fragmentação versus coesão: um dos principais desafios reside em evitar que a força das microculturas leve a uma fragmentação excessiva, onde os objetivos e a identidade da organização maior se perdem em detrimento de interesses puramente locais, gerando os conhecidos “silos”.
- Comunicação unificada: a multiplicidade de linguagens e interpretações pode dificultar a disseminação e o entendimento homogêneo de mensagens corporativas estratégicas, exigindo um esforço adicional de tradução e contextualização.
- Resistência a mudanças: grupos com forte identidade interna podem, por vezes, apresentar maior resistência a mudanças organizacionais amplas que percebam como uma ameaça à sua forma de operar ou aos seus valores consolidados.
- Manutenção da equidade: é preciso zelar para que a valorização de certas microculturas não crie percepções de favoritismo ou desigualdade entre diferentes grupos dentro da empresa.
3. Oportunidades em entender este contexto nas empresas
Contudo, ao compreender e abordar estrategicamente o universo das microculturas, as empresas podem colher benefícios significativos:
- Comunicação mais efetiva e engajadora: reconhecer as linguagens e os canais preferenciais de cada grupo permite que a comunicação interna seja mais direcionada, relevante e, consequentemente, mais eficaz em engajar os colaboradores.
- Fortalecimento do engajamento e retenção: ao se sentirem compreendidos e valorizados em suas particularidades, os colaboradores tendem a desenvolver um maior senso de lealdade e satisfação, o que pode impactar positivamente as taxas de retenção de talentos.
- Estímulo à inovação colaborativa: ao criar pontes entre diferentes microculturas e promover a troca de conhecimentos e perspectivas, a organização pode fomentar um ambiente mais rico para a inovação e a resolução criativa de problemas.
- Gestão de mudanças mais eficaz: identificar líderes e influenciadores dentro das microculturas pode ser um recurso incrível para facilitar processos de mudança, utilizando-os como embaixadores e pontos de apoio.
- Cultura organizacional mais resiliente e adaptativa: uma organização que abraça sua diversidade interna, de forma equilibrada, tende a ser mais adaptável às mudanças do ambiente externo e mais resiliente diante de desafios.
Por fim, o debate sobre microculturas convida a uma reflexão profunda sobre como as empresas podem ser, simultaneamente, um todo coeso e um conjunto vibrante de partes distintas, cada qual com sua contribuição singular para o sucesso coletivo.
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