Por Danieli Closs

“Essa tarefa não é de uma mulher só. Precisamos das outras ao nosso lado. Então vamos começar dando as mãos” – Jessica Bennett

Assustada.

Assustada foi como fiquei ao ler o Clube da Luta Feminista. Mas por que eu te indicaria uma leitura assustadora? Bom, porque acredito que já está mais do que na hora das mulheres se assustarem com algumas coisas, pois às vezes é necessário um susto para incentivar a mudança.

Enquanto lia, cada página me lembrava de alguma situação que vivi em empregos anteriores, de um colega de trabalho, chefe ou então de algum comportamento que já reproduzi sem me dar conta de que era a manifestação do machismo que há tantos anos está em nossa cultura.

O livro Clube da Luta Feminista – Um manual de sobrevivência para um ambiente de trabalho machista, de Jessica Bennett, é, além de um manual, um guia ilustrado que ensina como desviar das armadilhas de gênero no mundo atual.

Mais do que mostrar como identificar o machismo no ambiente de trabalho, com humor e ironia, a autora nos dá dicas para lidarmos com isso e enfrentarmos os obstáculos que nos impedem muitas vezes de crescer na carreira e alcançar cargos de liderança.

Esse livro contribuiu com o momento que eu tive o estalo:

“Vivo em um mundo machista, reproduzo esse comportamento e preciso fazer algo pra mudar”.

E foi com o objetivo de proporcionar este estalo às leitoras e aos leitores do Endomarketing.tv e incentivar a leitura deste livro que escrevi esse resumo.

Espero que ele te deixe desconfortável.

Boa leitura!

O Clube da Luta Feminista – CLF

Jessica Bennett é uma jornalista premiada que escreve sobre mulheres, sexualidade e cultura, a primeira editora de gênero do The New York Times. Ela começa o livro contando sobre como surgiu o Clube da Luta Feminista (CLF).

O CLF é um clube, “sem luta e sem homens” como a própria autora diz. Começou com uma dúzia de mulheres entre 20 e 40 anos que se encontravam para falar de seus empregos. Nessas conversas concluíram que muito do que acontecia era decorrente do machismo.

Além de falar um pouco sobre a carreira dessas mulheres e como o machismo influenciou onde elas poderiam chegar, a autora apresenta no decorrer do livro diversos dados que comprovam a desigualdade de gênero no trabalho – e também porque essa falta de diversidade é desvantajosa para as empresas.

Se antes o Clube da Luta Feminista era secreto e apenas para mulheres, agora se tornou livro e está aberto também para os homens que queiram participar da luta.

Identificando o Inimigo

Na primeira parte do livro, Jessica apresenta os inimigos de combate do CLF. Sempre com humor, ela descreve os perfis e dá exemplos de situações em que eles de manifestam.

É nessa hora que a ficha de quem está lendo começa a cair. Você passa a se identificar com as situações apresentadas e a reconhecer colegas nos perfis descritos.

Entre os perfis há o Manterrupter (aquele que te interrompe no meio de uma ideia ou opinião), o Bropropriator (toma e aceita o crédito por ideias que não são dele), o Repentelho (aquele que melhora uma coisinha na sua ideia e aí todo mundo acha que foi ele quem a inventou), ou ainda o Fiscal da Menstruação (inconveniente que atribui qualquer estresse da mulher à TPM).

Esses são alguns dos inimigos citados pela autora, acredito que alguns dos mais comuns nos ambientes corporativos. Mas além de abrir nossos olhos para essas situações, Jessica apresenta táticas de combate para as mulheres e algumas dicas para os homens que querem ajudar a combater esses inimigos.

Conhece-te a Ti Mesma – Autossabotagem Feminina

“É muito estranho ter a crença e a sensação, no seu âmago, de que se é boa em alguma coisa – e ainda assim, ao mesmo tempo, duvidar que isso seja verdade.”

Tenho 25 anos, minha carreira está apenas no início, mas comecei a trabalhar aos 16 e desde a minha primeira experiência identifiquei uma voz na minha cabeça que questionava:

“Será que sou boa o suficiente para essa oportunidade?”

Sempre achei que essa insegurança era uma característica minha e de muitas outras pessoas, independente do gênero. Até que aos poucos fui percebendo que ela é muito mais comum em mulheres e que a nossa história contribui para essa e muitas outras autossabotagens.

No segundo capítulo, Jessica Bennet aborda as sabotadoras que existem em nós mulheres, como por exemplo, a Mãezona do Escritório (aquela que assume o trabalho doméstico, organiza festas e doações), a Rejeita-Crédito (ela hesita em falar de suas conquistas e as diminui), a Eterna Assistente (tão boa em organizar a vida do chefe que fará isso pra sempre), ou ainda a Impostora (se subestima, se desvaloriza, se sente uma fraude mesmo recebendo apoio incondicional).

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Imagem baseada em uma ilustração do livro.

Novamente, com humor e ironia, após cada descrição a autora apresenta táticas de combate para identificarmos e enfrentarmos essas sabotadoras.

Estereótipos, Desafios e mais Táticas de Combate

ma-chis-mo su-til / s.m.

O tipo de machismo que te deixa pensando: Será que sou eu que estou maluca? (Não, não está.)

Nos próximos capítulos, a jornalista nos ajuda (mulheres e homens) a identificar as armadilhas do dia a dia e como combatê-las. Com dados, história e muito bom humor, passamos a entender o mundo como ele realmente é e percebemos (se ainda não tínhamos percebido) que a mudança é extremamente necessária e urgente.

Situações que podemos estar reforçando o estereótipo ou reproduzindo o machismo, dicas (para mulheres) de como falar com autoridade, firmeza e confiança e ainda, uma “cola” para negociações salariais.

A diferença salarial é uma realidade e as mulheres não pedem aumento.

“Sim: seres humanos que se identificam como mulheres têm um quarto da chance dos homens de negociar o salário, e quando negociam, pedem menos dinheiro, apesar das pesquisas que mostram que funcionários que negociam são promovidos 17 meses antes do que aqueles que não negociam. Deixar de pedir contribui não só para a desigualdade salarial, como também para o preconceito que impede as mulheres de sequer terem coragem de pedir.”

Para ajudar em negociações salariais, a autora disponibilizou até mesmo um roteiro que pode ser seguido ou adaptado para o seu cenário.

Para os Homens

Inicialmente o foco do livro pode ser as mulheres e sim, todas nós deveríamos ler e carregá-lo embaixo do braço como uma bíblia, mas a leitura é essencial também aos homens.

A autora disponibiliza um guia para o homem moderno e mostra qual a melhor forma para ele contribuir com o feminismo, ou seja, a igualdade de gênero no trabalho.

Viva o CLF!

“Fazer parte do Clube da Luta significa apoiar suas parceiras; significa também protestar contra racismo, machismo, homofobia e xenofobia em qualquer circunstância. O poder está nos números. Agora, mais do que nunca, precisamos estar juntas – e precisamos de mais mulheres, e homens, ao nosso lado”

Ao final, a autora deixa mais explícito o que destacou durante todo o livro, que nós mulheres precisamos nos unir, precisamos empoderar e apoiar umas às outras, contribuir com o trabalho e lutar em conjunto por nossos direitos.

Espero ter te deixado inquieta (ou inquieto) para saber tudo que há no livro, para aprender um pouco mais sobre como o machismo ainda está sendo reproduzido no nosso dia a dia, principalmente no meio corporativo.

E espero, principalmente, que você esteja pronta para ler e continuar a luta junto de todas as mulheres, pois todas somos bem-vindas no Clube da Luta Feminista.

E por mais assustada que eu tenha ficado ao me identificar com tantas situações, o livro tem me ajudado a melhorar minha autoconfiança e enfrentar as vozes sabotadoras que ainda insistem em falar dentro da minha cabeça.

“Este livro é para mulheres que, tal como nós, observaram comportamentos machistas e se convenceram de que não eram um problema sério (ou de que o problema era culpa delas). É para a mulher que sabe que merece um lugar à mesa, mas não tem a confiança – ou as ferramentas – para se sentir à vontade para tomar seu assento (ou para saber o que fazer, uma vez que já tenha sentado). É porque sabemos que os desafios são coletivos e queremos empoderá-la – sim, você mesma! – para ficar astuta demais, informada demais, preparada demais para alguma pessoa, ou sistema, que queria te limitar. Dentro de cada mulher existe uma guerreira. Eu garanto.” – Jessica Bennet

Informações sobre o Livro

Título Original: Feminist Fight Club: A Survival Manual for a Sexist Workplace

Autora: Jessica Bennett

Editora: Fábrica231 (selo da Editora Rocco)

Número de páginas: 336

Onde comprar:Amazon, Americanas, Submarino ou Shoptime.

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Escrito por Danieli Closs

Comunicadora, especialista em marketing digital e usa do poder das palavras para se conectar com as pessoas. Feminista ativista, inconformada e questionadora, busca diariamente impactar o mundo positivamente, também através do trabalho.
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