Por Bárbara
Aposto que você já se deparou com pessoas no mercado de trabalho tão desmotivadas que chegaram ao ponto de pedirem demissão mesmo em tempos de crise. Ou talvez você mesmo já não encontre mais motivos para fazer seu trabalho.
A Isma Brasil (International Stress Management Association) fez uma pesquisa para medir a satisfação de profissionais no final de 2014. A pesquisa mostrou que 72% dos entrevistados disseram estar infelizes com o seu trabalho.
Já parou para pensar quais são as razões que desmotivam os colaboradores nas organizações? E o que pode ser feito para motivar as pessoas no ambiente de trabalho?
Muitos podem ser os fatores e muitas também são as teorias que explicam tal estado de desvantagem tanto para empresa, quanto para o colaborador.
Mesmo tendo ótimos produtos, processos e tecnologias, para se manter competitiva no mercado é preciso investir no maior recurso que uma empresa pode ter: as pessoas.
A Importância da Motivação para as Empresas
Após a primeira revolução industrial, fazer com que os funcionários produzam cada vez mais se transformou em prioridade para as empresas.
São os resultados que orientam as estratégias de negócio das corporações modernas, e nem pode ser diferente. Mas mesmo com essa necessidade inevitável de aumento de produtividade e lucro, percebeu-se que para alcançar resultados nos dias de hoje, é essencial investir na gestão de pessoas.
A Companhia Great Place to Work – GPTW premia anualmente as Melhores Empresas para Trabalhar em mais de 50 países. A premiação avalia a percepção dos colaboradores sobre a qualidade do ambiente de trabalho e a cultura organizacional.
Um dado importante apresentado pela GPTW é que apesar da economia brasileira ter tido queda de aproximadamente 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015, as Melhores Empresas Para Trabalhar tiveram 14% de aumento no lucro e no faturamento durante o mesmo período.
Então, se os bons resultados das empresas e a felicidade dos colaboradores são fatores interligados, fica claro porque as empresas devem se preocupar com fatores como a satisfação, o engajamento e a motivação de seus colaboradores.
Tipos de Motivação
Como já dissemos no post ”O que é motivação”, a motivação profissional é uma responsabilidade compartilhada.
De nada adianta a empresa oferecer o melhor lugar para se trabalhar se o colaborador não gostar do que faz. O “querer fazer” é a premissa básica para alcançar a motivação no ambiente de trabalho.
É nesse ponto que é válido citar os dois tipos de motivação: a intrínseca e a extrínseca.
A motivação intrínseca está relacionada à força interior e é particular de cada indivíduo. Ela independe de fatores externos e é estimulada pelos objetivos, metas, sonhos e interesses pessoais.
A motivação extrínseca, por sua vez, está relacionada à fatores externos e são eles que as organizações têm o poder de identificar e estimular a motivação de seus colaboradores.
Os Fatores para Motivar as Pessoas no Ambiente Trabalho
Deixando os fatores intrínsecos para outro post, vamos mostrar alguns dos principais fatores que cabem à empresa proporcionar para conquistar colaboradores motivados. Boa leitura!
1 – Lideranças que Motivam
O principal fator de impacto na motivação dos colaboradores é o tipo de posicionamento do superior imediato. Se houver uma postura adequada de liderança as chances de motivar as pessoas no ambiente de trabalho são muito maiores.
“O papel do líder passa a incluir novos desafios, como o de repassar aos funcionários a visão empresarial, direcionar a informação, estimular a criatividade e a iniciativa, ou seja, ser um facilitador das ações. O perfil desejado para um líder coerente com os valores de cooperação enfatizados pelo endomarketing é aquele que trabalha com o grupo e para o grupo, que toma decisões democráticas, que divide responsabilidades, delega poderes, dialoga e ouve.Trabalho em equipe e liderança sempre se complementam. (BEKIN, 1995; BRUM, 2000).
Não ter empatia, mostrar insegurança em tomadas de decisões, ficar procurando culpados, agir com desrespeito, fazer cobranças em excesso, favorecer um ou outro colaborador, não aceitar novas ideias, tomar para si ideias de outros, agir com arrogância e até mesmo com agressividade são ações de chefes ruins e não de líderes que motivam.
Segundo pesquisadores da Havard e da Stanford, um chefe ruim pode fazer tão mal à saúde quanto ser um fumante passivo. Mais de 75% dos profissionais americanos que foram entrevistados nessa pesquisa, disseram que seus chefes eram a pior parte de seus trabalhos.
Esse tipo de relação gera uma barreira entre a empresa e o colaborador, por isso, é indispensável trabalhar as lideranças dentro das organizações.
Criar diálogos por meio dos canais de comunicação internos e realizar avaliações periódicas são estratégias importantes para identificar lideranças abusivas.
Hoje, apenas possuir grande conhecimento na área não é suficiente para ocupar um cargo que envolva a gestão de equipes. É preciso ter aptidão para a liderança ou estar disposto a desenvolvê-la.
2 – Segurança e Estabilidade no Trabalho
Ultimamente, a instabilidade do mercado têm causado muita insegurança e gerado medo em colaboradores em todo o Brasil. Além disso, os drásticos cortes no quadro de funcionários em empresas de todos os portes têm abalado àqueles que permanecem na empresa.
Segundo a Quartz , a insegurança no trabalho aumenta em 50% as chances de um colaborador adoecer. A pesquisa ainda aponta que o medo de perder o emprego está no topo da lista de fatores mais estressantes para os colaboradores.
Em efeito cascata, a desestabilização de ânimos pode gerar uma crise interna e grandes quedas de produtividade e de qualidade no serviço.
Por isso, trabalhar a percepção dos indivíduos acerca de suas inseguranças é a melhor forma de garantir um ambiente que proporcione as melhores condições de trabalho, motivando os colaboradores a darem o seu melhor.
Inclusive, comunicar colaboradores face a face, respondendo às suas dúvidas e repassando informações com clareza e transparência são sempre uma boa pedida.
3 – Comunicação – A Chave da Motivação nas Organizações
A troca de informações permite alinhar objetivos, valores e ações a serem tomadas estrategicamente por uma empresa. Na realidade, no ambiente de trabalho, tudo gira em torno de uma boa comunicação.
Comunicar com transparência possibilita mostrar ao colaborador o real significado de seu papel e o impacto que seus esforços trazem para a empresa, dois fatores chave para alcançar o engajamento.
Além disso, uma das principais práticas para motivar as pessoas no ambiente de trabalho é a realização do feedback.
Criar uma cultura de feedback é uma forma de reconhecer e valorizar a importância de cada um na empresa. A prática deve ter como objetivo a construção de melhorias contínuas através de uma comunicação direta e transparente.
4 – Expectativas de Crescimento
Se ainda considerarmos a pirâmide das necessidades humanas de Maslow, o crescimento pessoal está lá no topo, na parte das necessidades psicológicas e de autorrealização.
Este fator é caracterizado pela vontade que um indivíduo tem de atingir seu potencial, de crescer e se desenvolver tanto pessoalmente quanto profissionalmente.
Não ter espaço para crescer profissionalmente faz com que muitos profissionais deixem de enxergar motivos para permanecer em uma empresa. É necessário estimular o colaborador a desenvolver cada vez mais suas habilidades e competências a fim de alcançar a satisfação profissional.
Um plano de carreira bem definido, e que estimule o aprendizado, é essencial para mostrar as possibilidades de crescimento e desenvolvimento dos funcionários.
5 – Metas
Num mundo cada vez mais competitivo e com políticas organizacionais cada vez mais exigentes, alcançar quaisquer resultados depende de um plano estratégico definido e claro a ser seguido.
As metas podem alavancar a motivação dos colaboradores desde que sejam trabalhadas e orientadas a um destino que faça sentido.
Por outro lado, metas inatingíveis desmotivam e tiram a credibilidade daqueles que a definem por apontar um objetivo que não é alcançável com os recursos disponíveis.
Por isso, traçar metas, dando espaço para sugestões e se atentando às necessidades, contribui com o sucesso do projeto e alcance de resultados.
6 – Reconhecimento – É Bom e Todo Mundo Gosta
No nosso infográfico sobre o reconhecimento, demonstramos através de estatísticas que esta prática está atrelada diretamente com a seleção, retenção, engajamento e performance do colaborador e que, consequentemente, impactam nos resultados da empresa e até mesmo na satisfação do cliente.
“O que é absolutamente crítico é que a organização celebre o sucesso. Aqueles que realizam precisam ser reconhecidos. Seus comportamentos e resultados precisam ser reforçados… Sempre dê feedback positivo para aqueles responsáveis pelo sucesso e que faz a estratégia funcionar.” – Lawrence Hrebiniak
O reconhecimento pode vir tanto pelo feedback da liderança, quanto por ações internas ou promoções. Para essa finalidade ações de endomarketing e a TV Corporativa podem ser grandes aliados. Vejam exemplos de reconhecimento nos seguintes posts:
7 – Bom Relacionamento Interpessoal
“Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado.”
Este provérbio africano diz muito sobre a necessidade que temos de nos relacionar e de nos “encaixar” na sociedade.
Ter uma boa relação com as pessoas no trabalho possibilita a criação de laços de amizade e garantem a melhora do convívio no ambiente de trabalho. Afinal de contas, geralmente passamos 8h por dia com as mesmas pessoas.
Na pesquisa realizada sobre a satisfação de colaboradores realizada pela Isma Brasil (International Stress Management Association, aproximadamente 63% dos participantes indicaram que problemas de relacionamento são uma das principais causas de sua insatisfação no trabalho.
Um ambiente sem harmonia e com constantes conflitos interpessoais cria diversas barreiras e torna-se um dos fatores de maior estresse no dia a dia, acabando com a motivação de qualquer profissional.
Existe Fórmula Mágica para a Motivação?
Infelizmente, essa fórmula mágica não existe. Se existisse, com certeza o principal ingrediente seria foco na gestão de pessoas.
Ultimamente, muito tem se falado sobre como tornar os negócios cada vez mais rentáveis e direcionados à conquista do mercado.
Sem investir em estratégias de gestão de pessoas, empresas perdem competitividade e acabam perdendo os melhores talentos. O fator humano é essencial para a sobrevivência e crescimento de uma empresa e tem que ser conquistado com boas condições de trabalho, boas lideranças e com um propósito.
De acordo com o professor e filósofo Mário Sérgio Cortella, em entrevista à Época Negócios, “Hoje há uma aflição muito grande na nova geração de maneira que se traduz numa expressão comum: “eu quero fazer alguma coisa que me torne importante e que eu goste”. Fazer o que se gosta significa ter um sentido, enxergar um propósito ao fazer parte de uma organização.
Por isso, é preciso identificar os fatores que têm prejudicado a motivação dos colaboradores e aplicar estratégias para reverter essa situação e gerar benefícios para ambas as partes.
Vimos que as melhores empresas para se trabalhar, também são as mais lucrativas, rentáveis e que atraem mais investimentos.
Enquanto não existirem mágicas para engajar e motivar as pessoas no ambiente de trabalho, o jeito é colocar a mão na massa investindo em ações de comunicação interna e endomarketing.
Afinal, teoria é bom mas colocar em prática é ainda melhor!