Por Cleide Cavalcante

A Inteligência Artificial (IA) tem tomado um espaço cada vez maior nas pautas e eventos corporativos, em discussões estratégicas, planejamentos e estudos. Exemplo foi o mais recente evento da @Aberje,sobre tendências em comunicação nas empresas, realizado em São Paulo. Mas o fato é que a IA também já tem se tornado uma ferramenta cada vez mais presente no ambiente corporativo, transformando diversas áreas, incluindo a comunicação interna. E, reconhecidamente, a adoção de IA para melhorar a comunicação dentro das empresas pode trazer inúmeros benefícios, mas também apresenta alguns riscos que precisam ser cuidadosamente gerenciados.

Segundo Martha Gabriel, autora e especialista em marketing digital e inovação, “a IA pode automatizar tarefas repetitivas e demoradas, como a triagem de e-mails e a distribuição de informações, permitindo que as mensagens cheguem aos destinatários de forma mais rápida e eficiente.” Chatbots, por exemplo, podem responder a perguntas frequentes dos funcionários em tempo real, liberando os recursos humanos para se concentrarem em questões mais complexas.

De acordo com Gil Giardelli, futurista e professor de MBA na ESPM, “a IA permite analisar grandes volumes de dados para personalizar a comunicação de acordo com as necessidades e preferências de cada funcionário.” Isso aumenta a relevância das mensagens e pode melhorar o engajamento dos colaboradores. Ferramentas de IA podem segmentar a audiência interna e enviar conteúdos específicos para diferentes grupos, garantindo que cada mensagem seja pertinente.

A análise de sentimento é uma área em que a IA pode oferecer insights valiosos. Em seu livro “Inteligência Artificial: Como os Robôs Estão Mudando o Mundo“, Ronaldo Lemos, advogado e especialista em tecnologia, destaca que “a IA pode ser utilizada para analisar o sentimento dos funcionários em relação a diferentes tópicos, através da análise de texto em e-mails, mensagens e feedbacks.” Isso permite que a empresa identifique problemas e oportunidades de melhoria na comunicação interna de forma proativa.

Ferramentas de IA podem monitorar a eficácia da comunicação interna, gerando relatórios detalhados sobre o engajamento dos funcionários, taxas de abertura de e-mails, visualizações de posts internos e campanhas, entre outros. Segundo um estudo da McKinsey & Company, “esses insights são valiosos para ajustar e melhorar continuamente as estratégias de comunicação.

No entanto, o uso de IA na comunicação interna envolve a coleta e análise de dados dos funcionários, o que pode levantar preocupações sobre privacidade e segurança. Shoshana Zuboff, autora de “A Era do Capitalismo de Vigilância“, alerta que “é essencial garantir que os dados sejam protegidos contra acessos não autorizados e que a empresa esteja em conformidade com as regulamentações de proteção de dados.”

PONTO DE EQUILÍBRIO – Uma reflexão bem interessante vem de Tim O’Reilly. Ele destaca que a dependência excessiva de ferramentas de IA pode levar à desumanização da comunicação interna. Fundador da O’Reilly Media, ele defende que “é importante encontrar um equilíbrio entre a automação e a interação humana para garantir que os funcionários ainda se sintam valorizados e ouvidos.” A IA deve ser uma ferramenta para apoiar, e não substituir, a comunicação humana.

Embora a IA tenha avançado significativamente, ainda há o risco de erros e mal-entendidos, especialmente em tarefas que envolvem nuances e contextos complexos. Mensagens automatizadas podem ser mal interpretadas, e chatbots podem fornecer respostas inadequadas ou incorretas. É crucial ter mecanismos de supervisão e correção para minimizar esses riscos.

A implementação de novas tecnologias pode encontrar resistência por parte dos funcionários, especialmente aqueles que não estão familiarizados com a IA. É importante investir em treinamento e comunicação clara sobre os benefícios e o funcionamento das novas ferramentas para facilitar a transição e garantir a adesão dos colaboradores.

Dependência intelectual da IA para produção de textos

A dependência crescente da IA para a produção de textos e outras formas de comunicação levanta preocupações sobre o impacto na capacidade de pensamento lógico e raciocínio das novas gerações. Segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, “a utilização excessiva de IA pode levar a uma atrofia das habilidades cognitivas humanas, uma vez que as pessoas podem se tornar excessivamente dependentes dessas tecnologias para realizar tarefas que antes exigiam esforço mental.

Como jornalista com berço em mídia impressa, tenho pensado bastante sobre este aspecto. Conversei com o colega de redação, o jornalista Eduardo Mattos, sobre o uso da IA na produção de textos.

Segundo ele, é preciso ter cautela. “Nós não podemos renunciar ao uso da tecnologia como facilitadora da vida das pessoas, mas quando tratamos da produção de conteúdos, todo o cuidado é pouco. É importante que um texto seja validado a partir da checagem das informações que foram usadas para construí-lo. A ferramenta trabalha com muita informação e nem sempre vai buscar o que precisamos em fontes confiáveis“, salienta.

Humano por trás da tecnologia – Sócio da Editora MM, que produz conteúdos multiplataformas, Mattos trabalhou como Editor do maior jornal do País à época, O Estado de S. Paulo. O jornalista salienta que

para ter a informação mais confiável possível é necessário ter à frente da ferramenta alguém preparado, por isso profissionais com maior repertório, aqueles que têm uma cultura geral abrangente, têm sido muito valorizados para escrever os prompts, que são as requisições, as perguntas feitas para a IA responder“.

Ele ressalta também que “essas pessoas, geralmente acima dos 40 anos, têm maior facilidade para conceber ideias estruturadas. É conhecido um case no qual uma pessoa requisita à IA “qual é a melhor maneira de colar o queijo na pizza”. A resposta é uma piada: “Use cola”.”

Ou seja, a IA pode contribuir, mas a geração de textos na sua totalidade esbarra em muitas questões duvidosas. As plataformas de IA ainda não são confiáveis, pois muita coisa gerada é irreal. Tudo que é gerado precisa ser criteriosamente checado, como explicou Mattos.

Então, como será o futuro de uma geração multitelas, de nativos digitais, hiperconectados? Da Geração Z (nascidos entre os anos de 1997 a 2012) , a primeira geração originariamente 100% digital.

Os nascidos nessa época não tiveram que passar por um processo de adaptação com relação a internet. Afinal, a internet sempre esteve ao alcance desse público, desde os seus primeiros anos de vida. Muito diferente, certamente. Será que não cabe a nós, das gerações anteriores, ter este olhar orientativo mais fortemente?

Rafael Reif, presidente do MIT, também alerta sobre os riscos dessa dependência: “Se não tomarmos cuidado, podemos criar uma geração que não desenvolve plenamente suas habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, pois estarão acostumados a delegar essas tarefas à IA.”

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, autora de “O Cérebro Humano: Uma Biografia de Nossa Melhor Máquina“, destaca que “o uso excessivo de tecnologias que automatizam o pensamento pode afetar negativamente a plasticidade cerebral, reduzindo a capacidade de adaptação e aprendizado contínuo.”

Benefícios da IA na Comunicação Corporativa

Eficiência e Velocidade na Comunicação

– Automação de tarefas repetitivas

– Respostas em tempo real via chatbots

Personalização e Relevância

– Análise de grandes volumes de dados

– Segmentação da audiência interna

Análise de Sentimento e Feedback

– Identificação de problemas e oportunidades

– Análise de texto eme-mails e mensagens

Monitoramento e Relatórios

– Relatórios detalhados sobre engajamento

– Ajuste contínuo das estratégias de comunicação

Riscos da IA na Comunicação Corporativa

Privacidade e Segurança de Dados

– Coleta e análise de grandes volumes de dados

– Necessidade de conformidade com regulamentações

Dependência Excessiva da Tecnologia

– Risco de desumanização da comunicação

– Necessidade de equilíbrio entre automação e interação humana

Erros e Mal-entendidos

– Risco de mensagens mal interpretadas

– Necessidade de supervisão e correção

Resistência à Mudança

– Resistência de funcionários não familiarizados com IA

– Necessidade de treinamento e comunicação clara

Reflexão sobre o futuro – O uso da inteligência artificial na comunicação interna das empresas oferece uma série de benefícios, como maior eficiência, personalização, análise de sentimento e monitoramento detalhado.

No entanto, também apresenta riscos que precisam ser gerenciados, incluindo questões de privacidade, dependência tecnológica, erros e resistência à mudança. Para maximizar os benefícios e minimizar os riscos, é fundamental que as empresas adotem uma abordagem equilibrada e estratégica, garantindo que a IA seja utilizada como uma ferramenta para aprimorar, e não substituir, a comunicação humana.

Além disso, é essencial refletir sobre o impacto a longo prazo da dependência intelectual da IA. As novas gerações devem ser incentivadas a desenvolver suas habilidades cognitivas e de pensamento crítico, garantindo que a IA seja uma aliada no processo de aprendizado e não um substituto para o esforço mental.

A educação e o treinamento contínuo são fundamentais para preparar os indivíduos para um futuro onde a tecnologia e a inteligência humana coexistam de forma harmoniosa e produtiva.

E você, como tem visto esta questão no seu dia a dia?

Espero que tenham gostado deste artigo.

Até a próxima!

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Escrito por Cleide Cavalcante

Gerente de Comunicação e TV Corporativa, há 16 anos mudou o rumo da carreira para trabalhar com o que mais gosta: tecnologia, inovação e comunicação interna. Ao longo deste tempo, foram mais de 350 canais digitais implantados - TV Corporativa e apps - com sucesso. E, entre um job e outro, a vida flui intensamente em meio a livros, à natureza e aos pets de estimação.
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